Flagrantes

Foto ilustrativa: Pixabay

Flagrantes

*Por Carlos Roberto de Oliveira

Em tempos outros, quando a busca pela informação era motivo de alegria, pois mais difícil, em uma revista de conteúdo variado e bom, a Seleção do Reader’s Digest, conservadora para os padrões de hoje, porém eclética e participativa para sua época, havia uma seção destinada aos leitores que se chamava “Flagrantes da Vida Real”, onde podia se dimensionar o estado de espírito de uma sociedade mais equilibrada emocionalmente e de bem com a vida.

Hoje, contrapondo-se àquela realidade, e logo no início do dia, como flagrantes da vida real moderna só o bombardeio diário de programas policiais em que a violência é exposta em todo seu esplendor.

E pela bizarrice de uma reportagem, se trágico não o fosse, uma ocorrência inusitada em uma cidade localizada no norte do Paraná e que, devidamente documentada, mostra pela televisão um “Flagrante da Vida Real” daquela manhã de um dia qualquer do mês de julho de 2022, onde um indivíduo, réu confesso de crimes hediondos contra vulneráveis, estava sendo perseguido por populares logo ao sair da delegacia onde poucos minutos atrás estava detido.

Ao vê-lo solto, não foram poucas as tentativas de alguns em aplicar-lhe um corretivo, quando esgueirando-se de um e de outro, e sob a guarda de uma legislação falha – o não flagrante – usou e abusou do direito de ser descarado e, pasmem-se, como meio de proteger-se procura refúgio na própria delegacia onde há poucos minutos houvera saído.

Na sequência, passada a emoção, o apresentador, já com a fisionomia alterada e com certa ênfase pedia “não saiam daí”, daqui a pouco a reportagem do homem que, no sudoeste do Estado, estuprou duas mulheres ….

*Carlos Roberto de Oliveira é empresário do ramo de logística em Foz.

Sair da versão mobile