FMI pode revisar (pra cima) crescimento do PIB do Paraguai em 2018

Christine Lagarde. Foto: Christophe Peus, Wikimedia

O Paraguai recebe nesta terça-feira a visita de Christine Lagarde, diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional. É a primeira visita dela ao país. A última visita de um diretor-gerente do FMI ao Paraguai foi em 1994.

Em artigo publicado no jornal Ultima Hora, Lagarde diz que está entusiasmada com a possibilidade de conhecer o Paraguai, “uma democracia jovem com uma população jovem, mas com uma história e uma cultura muito ricas”.

De 1994 para cá, diz ela, “muitas coisas mudaram no Paraguai, e estou ansiosa para constatar em primeira mão o impressionante avanço social e econômico logrado por esta vibrante economia”.

A diretora-gerente do FMI diz que chega a Assunção no momento em que a América Latina “mostra um panorama de recuperação econômica generalizada”. A projeção do FMI é que a atividade econômica da região continuará acelerando e o crescimento médio dos países será de 1,9% em 2018 (ante 1,2% em 2017) e de 2,6% em 2019.

“A Venezuela, no entanto, representa uma exceção inquietante, já que padece de uma crescente crise humanitária que a comunidade internacional observa com grande preocupação”, ressalva Lagarde.

E compara: “Em outro extremo do espectro, a economia do Paraguai segue mostrando resultados excepcionalmente bons”.

Ela lembra que, mesmo com a recessão enfrentada pelos sócios comerciais mais importantes, Brasil e Argentina, em 2015 e 2016, o crescimento no Paraguai “manteve uma extraordinária resiliência durante este período”.

Agora, com a recuperação em curso na região, “o Paraguai está bem posicionado para obter resultados ainda melhores”. Ela aventa até a hipótese de o FMI revisar para cima os prognósticos de crescimento para o Paraguai, que deverá ser superior a 4%, “um dos níveis mais altos da região, impulsionado pelo aumento do gasto interno”.

Para a América Latina como um todo, Christine Lagarde alerta sobre alguns riscos que podem prejudicar a recuperação que se consolida na região.

“Em muitos países, as eleições estão gerando incertezas econômicas e políticas”, diz ela.

Além disso, “a adoção de políticas protecionistas nas economias avançadas, as tensões geopolíticas e os fenômenos meteorológicos extremos em todo o mundo agravam estes riscos”.

Há possibilidade de o mercado financeiro se tornar mais restritivo, principalmente se a inflação nos Estados Unidos aumentar mais que o esperado e o país tiver que adotar taxas de juros mais elevadas.

Ela lembra que, mesmo com a recuperação em curso, as perspectivas de crescimento do Produto Interno Bruto na América Latina continuam moderadas e não são suficientes para aproximar esses países do nível de ingresso nas economias avançadas.

O baixo potencial de crescimento e os riscos de deterioração da economia a curto prazo exigem a adoção de reformas estratégicas prioritárias, para aproveitar a produtividade não explorada da região e melhorar sua resiliência econômica, diz Lagarde.

Entre essas medidas, está a redução do déficit fiscal, um problema que não afeta o Paraguai, “dado seu reduzido nível de dívida pública”, como ressalva a diretora-gerente do FMI.

No caso do Paraguai, ela recomenda a mudança no enfoque da política econômica, que em vez de apoiar a demanda deve fomentar o potencial de crescimento.

Ela diz que, desde os primeiros tempos de existência, o FMI e o Paraguai têm mantido boa relação e colaboração.

“Agora que o sol começa a brilhar sobre a economia mundial, aproveitemos para trabalhar juntos e criar uma economia mais sólida para todos os paraguaios, avançando assim até nossa meta comum de forjar um futuro mais próspero”, conclui Christine Lagarde.

Sair da versão mobile