Fogos de Final de Ano

Foto ilustrativa: Pixabay

Fogos de Final de Ano

*Por Carlos Galetti

Estava pensando, a melhor decisão foi coibir o barulho de fogos por ocasião de determinadas festas. É ensurdecedor e extremamente perigoso. Por mais profissionais que tenhamos sobre o assunto, sempre existe aqueles que querem economizar e fazer-se de técnico.

Quando ainda morava no Rio, tinha um vizinho que todos os anos armava uma grande cangalha de fogos, coisa bonita de se ver, parecia Copacabana na hora do acendimento, mas ele era o profissional, até que um dia aconteceu.

Nunca tive coragem para ver os fogos do amigo de perto, preferia ficar à distância, curtindo o espetáculo pirotécnico e ouvindo depois as notícias: o fulano se queimou, enfim fatos pitorescos, mas sem gravidade.

Naquele ano, algo me impulsionava para ir ver os fogos mais de perto, talvez pelo fato de que estava me despedindo do Rio de Janeiro, pois iria mudar para Foz do Iguaçu, mudança que se deu em 1999, durando até os dias de hoje.

Parece que o “coisa ruim” estava insuflando minha decisão de ir ao terraço do vizinho, tomei a iniciativa e subi ao local. Todos os envolvidos estariam trabalhando, alguns que só ajudavam a montagem e outros que traziam fogos para agregar à cangalha do dono da casa.

A montagem consistia em colocar os morteiros dentro de ripas, que seriam fixadas a duas cadeiras de madeira, ficando os fogos apontados para cima. Depois de várias duplas de madeiras estarem fixadas, passava-se o estopim, que consistia em um rastilho de pólvora que ligava aos acendedores dos foguetes.

Nas pontas, atrás das cadeiras de um lado, ficavam a ponta do estopim, que seria aceso por um responsável. Todo o esquema estava montado, lá embaixo as famílias confraternizavam, tomando seus chopes e comendo os salgadinhos e guloseimas.

Meia-noite se aproximava, os acionadores sobem para o terraço, o André, o vizinho, coordena as ações. Os curiosos também sobem, inclusive eu, ficamos num ponto, afastados e observando. Chegada a hora, os acionadores acionam suas chamas. Os estopins começam a queimar, os fogos começam a pipocar. Aí acontece.

Uma das madeiras, não estando bem fixada, solta-se, permitindo um giro naquela cangalha, acionando alguns fogos que ainda não tinham explodido, acionando outros por sua vez, estabelecendo um verdadeiro caos. Todos queriam descer pela estreita escada, o que era impossível.

O terraço tinha uma beira do lado externo, de que me vali para passar para o outro lado, ficando agachado, rezando para que nenhum daqueles fogos estourasse em minhas mãos, única parte exposta. O Ninho, irmão do André, deu um salto, fez um rolamento, rolando por cima das fezes do cachorro, correndo feito louco.

Mas o “Gran finale” foi quando os fogos restantes explodiram a uma só vez, estremecendo a casa, fazendo com que o caos se espalhasse pelos pobres convidados que estavam, até então, tranquilos lá embaixo.

Por isso, quando me chamam para ver uma festa de fogos, respondo?

– Melhor não!

Pior foi a sogra do meu amigo, foi taxativa, afirmando que nunca mais queria fogos na casa. E nunca mais teve fogos.

Que despedida.

*Carlos A. M. Galetti é coronel da reserva do Exército, foi comandante do 34o Batalhão de Infantaria Motorizado. Atualmente é empresário no ramo de segurança, sendo sócio proprietário do Grupo Iguasseg. 

Vivendo em Foz já há mais de 20 anos, veio do Rio de Janeiro, sua terra natal, no ano de 1999, para assumir o comando do batalhão.

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