Procurado pela Justiça brasileira desde 2002, o paraguaio Néstor Báez Alvarenga, suspeito de participar do Comando Vermelho, foi detido pela Polícia Nacional do Paraguai, em Assunção, na quarta-feira, 19.
Ele morava com a família numa “luxuosa residência” no bairro Los Laureles, segundo o jornal Última Hora. Ao perceber a presença dos policiais, ele tentou fugir, mas não deu tempo.
O delegado Abel Cañete, chefe de Investigações da Polícia, informou que Alvarenga tem três ordens de captura no Brasil e que foi detido para fins de extradição.
Segundo o delegado, ele foi localizado depois de várias investigações feitas em conjunto com a Polícia Federal do Brasil.
O ministro do Interior do Paraguai, Juan Ernesto Villamayor, disse que o pedido de captura de Alvarenga foi recebido em setembro. “Com isto, se demonstra que se faz até o impossível com os recursos que temos”, disse o ministro, felicitando a Polícia Nacional “pelo trabalho árduo que vem realizando”.
Todos os documentos e bens encontrados na residência do traficante serão apreendidos e analisados pelo Ministério Público, segundo a promotora Alicia Sapriza. Ela acredita que há mais integrantes do Comando Vermelho operando no país.
Beira-Mar
Desde os anos 2000, o paraguaio é conhecido da polícia brasileira por ser fornecedor de droga para traficantes brasileiros. Ele integrou, inclusive, a quadrilha de Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, mas tinha outros “clientes” no Brasil.
Segundo dados que chegaram à Justiça brasileira para pedir ao Paraguai a sua extradição, Nestor Concepcion Baez Alvarenga trazia a droga da Bolívia. A cocaína vinha ao Brasil em pequenos aviões, que desciam em pistas clandestinas no Paraná. Dali, em transporte terrestre, a droga seguia para o Rio de Janeiro.
Alvarenga nunca entrou em território brasileiro, mas o Código Penal prevê que “considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado”.
Foi com base nisso que, já há 16 anos, foi pedida a extradição do paraguaio para responder pelas acusações à Justiça brasileira, reforçada com novo pedido em setembro deste ano, possivelmente a partir de novas investigações da Polícia Federal brasileira.
Prisão de um dia
Segundo o ABC Color, Alvarenga tem vasto antecedente criminal, mas a última vez que foi condenado só ficou preso um dia, em 2011, e liberado rapidamente por ordem de um juiz.
Antes disso, havia sido detido em 1998, quando acomodava num carro 17 pacotes contendo 35 quilos de cocaína.
Em 1999, um juiz determinou prisão domiciliar a Alvarenga, mas a medida foi revogada.
Foragido da Justiça desde então, apresentou-se somente em 2007. Foi então condenado a apenas dois anos de prisão como cúmplice do tráfico de drogas.
Fontes: Última Hora, ABC Color e TRF4