Foz do Iguaçu oscila sempre entre o otimismo e o pessimismo, na maré das tantas promessas quase nunca cumpridas.
Sina de uma cidade mágica, onde a natureza cometeu o espantoso fenômeno das Cataratas. E onde o homem surpreendeu o mundo ao criar a gigantesca Itaipu.
A geografia que encanta é também a que nos faz reféns de uma localização longe de qualquer centro de decisões, nacional ou estadual. Foz é a “última da linha”.
Mas tem as Cataratas. Mas tem Itaipu.
Poderia bastar, em qualquer país, pra ser simplesmente uma rica cidade turística.
Mas estamos no Brasil. E aqui é a fronteira com dois países, com seus próprios problemas e crises.
E ao invés de ser tratada como uma cidade de fronteira importante, uma cidade turística sem igual, Foz é quase sempre esquecida, a não ser quando vêm os políticos para fazer promessas, geralmente pertinho do tempo de eleições.
São tantas promessas. Mais uma ponte, rodovia duplicada, aeroporto pra voos internacionais, uma perimetral pra desviar o tráfego de caminhões pesados do centro, um porto seco mais adequado, Beira Foz.
E as óbvias: mais saúde, mais educação, mais habitações populares, mais asfalto, mais, mais…
Fora os sonhos: um teleférico ligando com Puerto Iguazú e Ciudad del Este; a extensão da Ferroeste; e até um veículo leve sobre trilhos ligando os atrativos.
Enquanto isso, faltam empregos. O turismo, embora fundamental, não supre a carência de empregos que permitam atender à população economicamente ativa em níveis que pelo menos se equiparem a outras cidades onde há indústria e comércio fortes.
Persiste a informalidade. Agrava-se a desigualdade social. As favelas são o outro lado do luxo de hotéis, de condomínios fechados, de prédios de um apartamento por andar. Como é em todo o Brasil, mas parece que aqui há uma certa crueldade extra.
Porque há gente que passa fome na periferia. Porque faltam até subempregos ou “bicos”. E houve êxodo. E a população jovem, que estudou e se formou, tem que sair da cidade em busca de meios de sobrevivência.
Foz, 104 anos. Que venha outro centenário, que os próximos anos cheguem com menos promessas e mais ações, menos decepções e mais preocupação com a população da periferia, com os abandonados pela sorte. E que venham as obras, prometidas ou não.
São elas, as obras de infraestrutura, que podem mudar não só a paisagem, mas a vida de milhares de pessoas, a par, é claro, da atenção a tudo que se deve cobrar dos poderes públicos.
É o que a gente espera e torce.