Foz vai debater o corte de árvores. E o plantio, quando será discutido?

A imagem mostra o verde, mas nos vazios urbanos. Foto: Caio Coronel

No dia 10 de outubro, uma audiência pública na Câmara de Vereadores de Foz vai debater o serviço de corte de árvores na cidade.

O projeto da Prefeitura, prevendo a opção de o próprio morador contratar uma empresa pra fazer o corte, foi rejeitado pela Câmara, em julho.

Foi a vereadora Nanci Rafain que propôs – e seus pares aprovaram – a audiência pública, para se encontrar “a melhor alternativa para solucionar o problema”.

Até aí, tudo bem. Muita gente, de fato, se sente ameaçada por árvores velhas, que ameaçam despencar ao primeiro vendaval.

Mas ao corte de árvores deveria se seguir o plantio de espécies que deem menos problemas, mais apropriadas ao meio urbano.

Parece que, em Foz do Iguaçu, a cidade das poucas praças e parques, considera-se que, tendo o Parque Nacional do Iguaçu “no quintal”, o resto pode virar um deserto.

A pouca vegetação nos centros urbanos é um aspecto frequentemente associado a problemas de saúde e elevados níveis de estresse entre os cidadãos, segundo Newsha Ghaeli, pesquisadora do Senseable City Lab do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, na sigla em inglês).

Pelo Google Street View, vê-se que várias ruas centrais, como a Almirante Barroso, não oferecem sombra. Há pouco verde pra proteger a cabeça da inclemência do sol de verão.

Junto com sua equipe, Ghaeli desenvolveu um novo método para averiguar o verde que existe no espaço urbano a partir da perspectiva dos pedestres.

Imagens tomadas do Google Street View são processadas por um algoritmo que estima a porcentagem de cada imagem que corresponde a árvores e outros tipos de vegetação. “É importante compreender a quantidade de árvores e copas que cobrem as ruas, pois é isso que percebemos nas cidades”, afirmou Ghaeli.

As três cidades mais verdes do mundo, por esse método, são Singapura, Sydney e Vancouver. A mais cinza é Paris, onde o cidadão não tem proteção verde sobre a cabeça.

Detalhe: com exceção de poucos dias de verão em Paris, nenhuma dessas cidades enfrenta temperaturas acima de 40 graus em boa parte do ano, como Foz do Iguaçu. E aqui, poucas ruas oferecem proteção contra o sol e o calor de rachar. Por proteção, entenda-se a sombra das árvores.

Benefícios

O que a arborização traz? Entre outros benefícios, as árvores são abrigo para os pássaros, que comem insetos e reduzem, assim, o risco de transmissão de doenças e o incômodo que esses bichinhos provocam.

As árvores dão sombra e, com isso, reduzem a temperatura. As calçadas e o asfalto vão ficar menos quentes e a caminhada será mais saudável.

É importante, sim, discutir como será feito o corte de árvores onde isso é necessário. A Prefeitura diz não ter condições de atender os mais de 600 pedidos de cortes feitos pelos moradores.

Mas isso é um lado da moeda. Loteamentos que se espalham pela cidade provocaram uma devastação nas áreas verdes. As praças são poucas e mal distribuídas, além de também não contarem com verde na quantidade suficiente.

Política ambiental

E a arborização, sempre mal cuidada, se resume a avenidas e a algumas ruas do centro. Mesmo ali, no entanto, há vazios que deixam o iguaçuense à mercê da inclemência do sol de verão.

O Não Viu? tentará ouvir a Secretaria do Meio Ambiente de Foz sobre os planos que tem para a criação de parques e arborização de praças e ruas da cidade. E, também, sobre como analisa tantos pedidos de cortes (isso, quando os pedidos são feitos formalmente. Muitos devastam e fica por isso mesmo).

A grande questão é: qual é a política ambiental de Foz do Iguaçu?

Sair da versão mobile