Se os empresários de Foz do Iguaçu estão preocupados com a autorização para o funcionamento de free shops em municípios de fronteira, imagine como estão os comerciantes do Paraguai.
A presidente da Câmara de Comércio de Ciudad del Este, Natalia Ramírez, diz que a instalação de free shops “será um golpe para a economia paraguaia”, conforme entrevista que concedeu ao ABC Color.
Segundo ela, 100 mil empregos seriam afetados. Em Ciudad del Este, dos 40 mil empregados das 72 empresas associadas à Câmara de Comércio, “20 mil poderão ficar sem trabalho”.
Pelo regulamento das free shops, os municípios de fronteira do Brasil poderão contar com lojas livres de impostos. Com isso, a compra de brasileiros nas cidades de países vizinhos ficará limitada a US$ 150, para estimular a venda nas free shops brasileiras, onde o comprador terá direito de gastar US$ 300 (mesmo tendo utilizado os US$ 150 da cota internacional).
A medida, se for implementada, valerá a partir de junho deste ano.
A Câmara de Comércio de Ciudad del Este exige que o governo paraguaio negocie com o governo brasileiro uma solução que favoreça ambos os lados.
O governo, segundo ela, parece não ter se dado conta do que as free shops vão representar pra economia paraguaia. “Necessitamos de uma atenção especial por parte do governo e que a negociação seja de governo a governo”, disse Natalia Ramírez.