Se a situação no Brasil está ruim, na Argentina está ainda pior.
Nesta segunda (25), o país parou, na terceira greve geral em dois anos e meio de gestão do presidente Mauricio Macri.
A paralisação afeta o transporte público, os postos de gasolina, os bancos, as companhias aéreas, as escolas públicas e o comércio. Os caminhoneiros também tinham ameaçado parar, mas voltaram atrás após conseguir um reajuste de 25%.
A greve é por reajustes salariais, mas também contra o acordo que Macri assinou com o Fundo Monetário Internacional e contra os cortes no orçamento.
É uma demonstração de força dos sindicatos, que ocorre cinco dias após o primeiro desembolso dos US$ 50 bilhões que o FMI colocou à disposição do governo argentino.
Em troca do empréstimo, o governo se comprometeu a reduzir os gastos públicos e a inflação, que este ano deve chegar a quase 30%.
A paralisação de 24 horas ganhou o nome de reação ao “brutal ajuste econômico” imposto pelo FMI. Para alguns setores da economia, o momento atual é comparado à crise de 2001, apontada como a pior da história recente da Argentina.
Sindicatos e governo
Os sindicatos têm pauta comum: reajuste de salários para combater a elevação do custo de vida, que em 2017 chegou a 25%. Também reivindicam garantias para evitar demissões.
Por sua vez, o governo anunciou que vai reduzir o tamanho do Estado e o programa de obras públicas – que esperava usar para reativar a economia e gerar empregos.
O ministro da Fazenda, Nicolas Dujovne, disse que o crescimento econômico será menor e a inflação será maior do que o esperado. Segundo ele, o acordo com o FMI impediu o agravamento da crise.
Desde dezembro, o peso argentino perdeu metade de seu valor. Segundo o presidente do Banco Central argentino, Luis Caputo, a desvalorização terá um custo no curto prazo. “Foi o melhor que pode ter acontecido”, resumiu Caputo, informando que a medida obrigou a Argentina a buscar o apoio do FMI e estabilizar a economia.
Pressão
O ministro do Trabalho, Jorge Triaca, afirmou que a greve geral “não serve para coisa alguma, porque não vai resolver os problemas dos argentinos”. Segundo ele, o objetivo da gestão Macri é manter o diálogo com as centrais sindicais.
A Igreja Católica também divulgou um documento, apelando ao governo para não adotar políticas de ajuste que aumentem a desigualdade. Em nome do papa Francisco, que é argentino, religiosos apelaram para que o interesse social se sobreponha ao econômico.
O governo e o próprio FMI têm ressaltado que o atual programa vai garantir a manutenção dos programas sociais, para proteger os “mais vulneráveis”.
Fontes: La Nación e Agência Brasil