O técnico ambiental Edino Krug, da Itaipu Binacional, avistou (e fotografou) um grupo de bugios-pretos (o nome científico é Alouatta caraya) no Corredor de Biodiversidade Santa Maria, perto de Pato Bragado.
Animais acanhados, que gostam de privacidade, os bugios reagiram com muitos gritos à presença de humanos, que é uma forma para delimitar o território de sua família.
O corredor verde integra os parques nacionais do Iguaçu e de Ilha Grande, e também o Parque Estadual do Turvo (RS), a Área de Proteção Ambiental Federal das Ilhas e Várzeas do Rio Paraná, mais o Parque Estadual do Morro do Diabo (SP).
Abrange ainda unidades de conservação no Paraguai (Museu Bertoni) e na província argentina de Misiones, além do Parque Nacional del Iguazú.
No corredor da vida
Mas o que significa a presença de bugios neste corredor? Simplesmente que o corredor “funciona”, que a floresta já está madura e pode abrigar animais de grande porte.
“É uma resposta da natureza diante dos esforços de recuperação ambiental da Itaipu ao longo dos anos”, diz o técnico florestal Edson Zanlorensi, gerente da Divisão de Áreas Protegidas.
Na área, têm sido avistados, além do bugio-preto, aves como a jacutinga e o jacu, o que mostra que a mata “está servindo de abrigo para a fauna silvestre, e isso é muito importante para o processo de conservação ambiental”, diz Zanlorensi.
O bom é que, quanto mais animais, mais eles contribuem para disseminar as sementes e ampliar a cobertura florestal, que por sua vez vai atrair ainda mais bichos, num ciclo virtuoso espetacular.
Edino Krug conta que avistou o grupo de bugios quanto fazia um trabalho de monitoramento de campo, no último dia 23. Eram cerca de dez animais, que quando perceberam a presença de pessoas, “começaram a vocalizar alto e a reagir”.
O bugio
Animal do gênero Alouatta, o bugio é um macaco que vive sobre as árvores e tem hábitos herbívoros. Tem corpo forte, cauda longa, vasta pelagem que varia entre as colorações preta, marrom e vermelha (os machos são mais escuros que as fêmeas).
Com peso que pode variar entre cinco e dez quilos, são considerados um dos maiores primatas neotropicais. No Paraná, o bugio-preto está classificado como “em perigo”, de acordo com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
Segundo o médico-veterinário Zalmir Cubas, da Divisão de Áreas Protegidas de Itaipu, o animal vive em grupos e é territorialista. “Por isso ele vocaliza bastante, para delimitar o território da sua família”, explica. A vocalização pode durar vários minutos e ser ouvida a cinco quilômetros de distância.
“O bugio precisa de áreas protegidas para sobreviver. Ele é bastante acanhado e gosta de privacidade”, conclui Cubas (foi desta frase dele que “montamos” o texto lá no alto, que em jornalismo se chama sub-lead).