Absurdo! Policiais de trânsito de Ciudad del Este interrompem o tráfego para provocar engarrafamento e facilitar a ação de “guias turísticos”, que cobram 100 mil guaranis para levar os motoristas para avenidas paralelas.
Por essas avenidas, é proibido acessar a Ponte da Amizade, mas as propinas abrem caminho.
A ação foi documentada por jornalistas do Vanguardia, que fizeram a denúncia na edição esta quinta-feira (14).
“O esquema de propina dos agentes de trânsito municipais segue funcionando à perfeição no centro de Ciudad del Este”, diz a reportagem do Vanguardia.
Segundo o jornal, quando a fila em direção à Ponte da Amizade chega à rótula do relógio, os guias entram em ação. Eles advertem os motoristas que a fila está imóvel para chegar até o Brasil e que poderiam perder de duas a três horas.
Oferecem, então, a alternativa de chegar à ponte por avenidas paralelas, mas por um custo. Uma jovem que se ofereceu para cortar a fila para periodistas do Vanguardia pediu 100 mil guaranis, o equivalente a uns R$ 65, para ter acesso à ponte pela Avenida Monsenhor Rodrigues.
Na verdade, é proibido ingressar na ponte por esta avenida, mas a propina garante isso. Os guardas estão ali justamente para facilitar a passagem (mediante a coima, claro).
Os repórteres do Vanguardia observam que o caos no trânsito só se verifica no sentido Paraguai-Brasil; no sentido contrário, a fila segue normalmente.
A jovem que “facilitou” para os jornalistas do Vanguardia contou que o mesmo esquema é utilizado por centenas de taxistas, motoristas de transporte alternativo e até de ônibus de turismo, para evitar a fila. Eles fazem um pagamento semanal aos guardas de trânsito.
Só esta “guia” havia acompanhado 12 motoristas, do início da manhã até as 9h30 de ontem, quarta-feira, diz ainda a reportagem. Isto é, arrecadou 1,2 milhão de guaranis, somente ela, num curto período. Há outros 15 guias em ação na rótula Oásis.
O mesmo sistema funciona do outro lado da rodovia, pela Avenida Emiliano R. Fernández. Também ali é proibido acessar a ponte, a não ser que se pague propina.
O esquema de propina envolve os guias contratados pela municipalidade de Ciudad del Este para orientar os visitantes, por aqueles que levam comissão para levar clientes aos comércios e por guardas de trânsito municipais, informa o Vanguardia.
A mesma denúncia havia sido feita pelo Vanguardia em fevereiro deste ano, mas o diretor de Trânsito da época, Silverio Méndez, negou a existência do esquema.