História de Caserna

É alvião ou auvião, Pagliares?

Foto: divulgação/fabricante

História de Caserna

*Por Carlos Galetti

Era capitão, servindo, após a Escola de Aperfeiçoamento, em Barra Mansa, interior do Rio de Janeiro, o chamado sul-fluminense.

Antes, deixe que explique esse aperfeiçoamento a que somos submetidos na fase intermediária da carreira, nos deixando aptos a integrar os Estados-Maiores nível batalhão.

Por questões pessoais não me interessava afastar muito do centro do Rio de Janeiro, por isso fui apresentar-me no 22º Batalhão de Infantaria Motorizado, o famoso Batalhão do Aço, em alusão a Companhia Siderúrgica Nacional, nosso motivo principal de atuação.

A família se adaptou rapidamente ao novo lugar. Pela proximidade do Rio, todos os finais de semana descíamos para a terrinha. As crianças foram matriculadas em um Colégio Evangélico, um dos melhores da região e iniciamos a fazer novas amizades.

No Batalhão meu trabalho era o mesmo de outros quartéis por onde passara, sendo primeiro Comandante de Companhia e, depois, integrei o Estado-Maior como Oficial de 1a Seção, cuidando do pessoal da Unidade.

Além das missões normais, tinha as extras. Certa feita estávamos tentando acertar a parte de material do batalhão. Foram designados vários oficiais para fazer sindicâncias, apurando falta de materiais e reposição.

Desenvolvia meu trabalho e, chegando na fase de redação dos problemas e sugestão de soluções, eis que me deparo com uma peça cujo nome tinha dúvida como se escrevia.

Cabe esclarecer que minha seção era toda separada por divisórias.

Da minha mesa perguntei ao Sargento Pagliares, que era o Brigada, o homem responsável pela escala de serviço.

– Pagliares, é “alvião” ou “auvião”?

Ao que prontamente me respondeu:

– É alvião, capitão!

Eis que numa outra divisória, um soldado que ouviu o desenrolar da conversa e corrigiu.

– Olha, capitão, não é alvião nem auvião, é avião!

Todos riram sem parar, só quem não entendeu nada foi o pobre do soldado.

(alvião. Significado de Alvião: substantivo masculino. Espécie de enxadão, mas com duas extremidades, uma das quais pontiaguda como a das picaretas; na outra extremidade um enxadão).

*Carlos A. M. Galetti é coronel da reserva do Exército, foi comandante do 34o Batalhão de Infantaria Motorizado. Atualmente é empresário no ramo de segurança, sendo sócio proprietário do Grupo Iguasseg. 

Vivendo em Foz já há mais de 20 anos, veio do Rio de Janeiro, sua terra natal, no ano de 1999, para assumir o comando do batalhão.

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