Homenagem a Foz do Iguaçu

No caminho cruzo com Cabeza de Vaca, já estamos em 1542, ainda vejo alguns índios Caiganges

Foz do Iguaçu. Foto: Christian Rizzi/PMFI

Homenagem a Foz do Iguaçu

*Por Carlos Galetti

Justa homenagem a esta querida cidade que, com tanta gentileza nos acolheu. Hoje exalto esta cidade, tal qual um cumprimento natalino e um envolvente presente.

Salto do livro de história para a estrada carroçável, indo em direção à foz dos rios Paraná e Iguaçu, onde sei que os vestígios da presença humana datam de 6000 anos a.C.. No caminho cruzo com Cabeza de Vaca, já estamos em 1542, ainda vejo alguns índios caingangues, os mesmos que guiaram Cabeza ao lugar e às Cataratas, pois foi o grande felizardo que se deparou com essa expressiva beleza da natureza pela primeira vez.

Agora em 1881, converso com o brasileiro Pedro Martins da Silva e com o espanhol Manuel Gonzáles, vindo se juntar a nós os Irmãos Goycochéa, estes já pensando numa forma de comércio, iniciando a exploração da erva-mate. Em resposta à exploração desordenada, a necessidade de desenvolvimento para a região e demarcação das nossas linhas fronteiriças, foi fundada a Colônia Militar, sendo o marco da ocupação dos brasileiros nessa terra; estava demarcado assim o que nós conheceríamos mais tarde como Foz do Iguaçu.

Esta Colônia Militar foi fundada pelo tenente Antônio Batista da Costa e pelo Sargento José Maria de Brito, que tinham a competência de distribuir terrenos a colonos interessados.

Continuo meu passeio por essa história, já somos mais de 2000 pessoas na região, já temos uma hospedaria para nos reunir e descansar; temos quatro mercearias, um rústico quartel, mesa de rendas e estação telegráfica, a patente verdade de que não estamos isolados do mundo. Temos até engenho de açúcar e cachaça e uma agricultura de subsistência.

Ainda mergulhado nessa história chego ao ano de 1910, quando a Colônia Militar passa a condição de “Villa Iguassu”, como distrito de Guarapuava; passados dois anos o Ministro da Guerra emancipa a Colônia, passando a ser povoado civil pertencente ao Governo do Paraná.

Cerca de quatro anos depois, em 1914, foi criado o Município de Vila Iguaçu, e estou diante do primeiro prefeito, é o Senhor Jorge Schimmelpfeng, que até os dias de hoje ainda tem representantes da família aqui na cidade. Aproveito e visito a primeira Câmara de Vereadores, onde tramitaria o processo para mudança de nome da cidade, alguns anos depois, passando a ser conhecida como Foz do Iguaçu, era o ano de 1918.

Mas o progresso demorava a chegar, as ligações mais rápidas eram através rio, por estrada somente com muita determinação e espírito de aventura. Em 1920 é esboçada a ligação terrestre com Curitiba, capital do estado e bem próximo do litoral, mas ainda uma estrada precária e cheia de obstáculos. Somente na segunda metade da década de 50 se inicia o asfaltamento da estrada, e ligaria Foz do Iguaçu à Paranaguá, só terminada em 1969.

Com o advento da rodovia outras pessoas deveriam partilhar essas belezas regionais, pois aqui havia o Parque Nacional, descoberto praticamente em 1916, na passagem de Santos Dumont por essa região, sendo considerado, portanto seu legítimo “fundador”. Esta área pertencia a uma só pessoa, um uruguaio, Senhor Jesus Val. Santos Dumont intercedeu junto ao presidente do Estado do Paraná, Affonso Alves de Camargo, sugerindo a desapropriação e que fosse elevada à condição de patrimônio Público, sendo declarada patrimônio no mesmo ano. Em 1939 foi criado o parque Nacional do Iguaçu.

O ano é de 1965, estou na inauguração da Ponte Internacional da Amizade, aliás, vim até aqui pela recém-inaugurada BR-277. O presidente do Paraguai, Alfredo Stroessner, e Castelo Branco, do Brasil, se encontram no meio da ponte, para cortar a fita de inauguração. É um dia de festa, mas mais que isso, um marco para o desenvolvimento da região.

Agora estou no torvelinho de acontecimentos que passaram a se suceder após o início das obras daquela que seria a maior Usina Hidrelétrica do mundo, a Usina Hidrelétrica de Itaipu. Foz do Iguaçu que tinha em 1960 28. 000 habitantes passou a 33.970 em 1970, estando em 1980 com 136.320 habitantes, um crescimento de 385%. Hoje somos uma população de 255.900 habitantes.

Agora somos Centro Turístico e Econômico do oeste do Paraná, sem sombra de dúvida, um dos mais importantes destinos turísticos brasileiros, isso devido a sua diversidade cultural, posto que somos cerca de oitenta nacionalidades que aqui vivem em paz, com destaque para árabe, chinesa, italiana, alemã e paraguaia.

Saltei do livro de história para a estrada, agora volto para conhecer outras histórias empolgantes como esta. Histórias de obstinação, coragem, pertinácia, coisas que levam um povo a escrever suas histórias, como verdadeiros exemplos aos mais novos.

Salve Foz do Iguaçu!

*Carlos A. M. Galetti é coronel da reserva do Exército, foi comandante do 34o Batalhão de Infantaria Motorizado. Atualmente é empresário no ramo de segurança, sendo sócio proprietário do Grupo Iguasseg. 

Vivendo em Foz já há mais de 20 anos, veio do Rio de Janeiro, sua terra natal, no ano de 1999, para assumir o comando do batalhão.

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