O horror! o horror! Argentina morre por falta de atendimento em Foz do Iguaçu.
O caso, que já ganhou o noticiário no Brasil, é destaque agora na imprensa argentina. O site La Voz de Cataratas, de Puerto Iguazú, traz a notícia em manchete.
A matéria conta que, além de a família assistir à morte da mãe, teve dificuldades – inclusive na Aduana argentina – para repatriar o corpo.
A história foi contada ao La Voz de Cataratas por Andrea Fitterer, filha de Marta Díaz, de 64 anos.
Andrea, o marido e Marta estavam seguindo de carro para o Rio de Janeiro, quando, na altura de Irati, a mãe se sentiu mal, com fortes dores estomacais. Decidiram, então, voltar para casa.
Já em Foz do Iguaçu, as dores aumentaram e a família foi em busca de ajuda médica. Ao passar pela Polícia Federal, pediu informações e foi orientada sobre como chegar ao Hospital Municipal.
Andrea conta que o marido dela entrou na emergência do hospital e pediu ajuda. Um enfermeiro aproximou-se até cerca de um metro de distância da mãe dela, que gritava de dor, e disse que não poderia ajudar, dando-lhes um papelzinho com o endereço de uma Unidade de Pronto Atendimento – UPA.
Como não conhece Foz, a família rodou a cidade, com ajuda do GPS, mas acabou perdida perto da Ponte da Amizade. Ali, apareceu um carro de polícia. Os agentes tiraram o pulso de Marta, mediram seu diabetes e chamaram uma ambulância, que demorou meia hora para chegar.
“Me diziam que não era nada de grave, mas quando chegamos a uma unidade de saúde minha mãe morreu”, lamenta Andrea.
Corpo sumido e depois retido
E o drama prosseguiu no dia seguinte, quando foi ao consulado e verificou que não encontravam o corpo de sua mãe, “depois de tudo o que havíamos passado”.
Pra sair do Brasil, mais percalços. O corpo da mãe de Andrea foi detido duas vezes na Aduana argentina em Puerto Iguazú.
“A demora foi provocada porque tomaram conhecimento das denúncias que fiz e não queriam se comprometer”, diz Andrea. Só na terceira tentativa é que o corpo foi liberado e a família pôde seguir viagem para Bahía Blanca, onde mora.
O que diz o hospital
O jornal Gazeta Diário traz na edição desta terça-feira (30) a versão do Hospital Municipal. Em nota, o hospital informa que instaurou uma sindicância interna para apurar os fatos e, se for o caso, responsabilizar os envolvidos.
Mas o diretor de urgência e emergência da Secretaria Municipal de Saúde, Adriano Pavan, adiantou ao jornal que não se tratava de um caso de urgência e emergência.
“Era um quadro de diarreia há três dias. O Samu referenciou para a UPA, não para o Hospital Municipal, que seria até muito mais perto. Na condução, ela (Marta) teve uma piora e, quando chegou, teve um rebaixamento de consciência e não conseguimos reverter”, disse o diretor.
Ele afirmou ainda que só a necropsia poderá indicar se o tempo de espera por socorro agravou o quadro.