Idesf diz que fronteiras precisam de emprego e renda para reduzir criminalidade

Luciano Barros utilizou levantamento do próprio Idesf para embasar sua palestra.

Só a repressão não basta.

“A geração de emprego e renda vai ser a principal arma para combater a criminalidade” nas regiões de fronteira, afirmou em Campo Grande o presidente do Instituto de Desenvolvimento Econômico e Social de Fronteiras (Idesf), Luciano Stremel Barros, na aula inaugural do primeiro Curso de Especialização em Policiamento Rodoviário, organizado pelo Batalhão de Polícia Militar Rodoviária de Mato Grosso do Sul.

Barros lembrou que o índice de empregos formais da população economicamente ativa das cidades gêmeas do Mato Grosso do Sul é inferior à média das outras cidades gêmeas brasileiras e abaixo da média nacional.

Os índices da economia, de educação e de saúde desses municípios, muito baixos, estão diretamente ligados aos índices elevados de violência.

A falta de empregos formais e de uma economia mais sólida leva grande parte da população a sobreviver na informalidade, o que inclui atividades de contrabando, descaminho e tráfico de drogas.

Abaixo da média

Segundo o levantamento do Diagnóstico do Desenvolvimento das Cidades Gêmeas do Brasil, realizado pelo IDESF, a média de população economicamente ativa (PEA) formalmente empregada nas 32 cidades gêmeas brasileiras é de 23%, enquanto a média nacional é de 34,53%.

Em Mato Grosso do Sul, os índices ficam entre 22,12%, registrado em Corumbá, e 11,35%, em Coronel Sapucaia. Além desses, o estudo contemplou os municípios sul-mato-grossenses de Bela Vista, Mundo Novo, Paranhos, Ponta Porã e Porto Murtinho.

“São índices que mostram uma economia estagnada de municípios que dependem basicamente de verbas federais e estaduais para se manter. Não geram riquezas e, consequentemente, não oferecem perspectiva para seus habitantes, que acabam se voltando para a ilegalidade”, afirmou.

“Provocação”

Na aula inaugural, Barros o panorama levantado pelos estudos do Idesf, como ‘A lógica econômica do contrabando’ e ‘O mercado ilegal de telecomunicações’.

Segundo Barros, os estudos são uma provocação para que as autoridades olhem para as fronteiras e a necessidade de desenvolvimento enquanto caminho para coibir o contrabando e o descaminho.

“Nós sabemos onde está o problema. Necessário que o poder público se volte à busca de soluções”, destacou.

O Idesf, vale lembrar, tem sua sede em Foz do Iguaçu e já apresentou à equipe do futuro presidente da República os estudos feitos nas cidades gêmeas.

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