Itaipu leva luz a pelotão do Exército e comunidade indígena da Amazônia. Com baterias. Entenda

Os painéis fotovoltaicos garantem energia de dia e armazenam eletricidade em baterias para o consumo à noite. Foto: Itaipu

A usina de Itaipu é a que mais produz energia elétrica no mundo, certo? Bom, ninguém duvida disso.

Agora, o curioso é que um sistema que combina painéis fotovoltaicos, gerador e baterias de sódio recicláveis, desenvolvido em Itaipu, ilumina o quartel do Pelotão Especial de Fronteira do Exército em Tunuí-Cachoeira, no Amazonas, além de uma comunidade indígena.

Antes, o quartel era abastecido com gerador a diesel, combustível que custa muito caro na região. E os índios não tinham eletricidade.

Uma equipe de profissionais da Itaipu passou duas semanas na Amazônia fazendo o comissionamento de um sistema híbrido de armazenamento de energia, o primeiro deste tipo no País.

O projeto é uma parceria entre a Itaipu Binacional e o Exército Brasileiro.

“Foi feito todo o comissionamento e o sistema já está funcionando perfeitamente. Ainda é preciso que o pessoal de lá ajuste a instalação elétrica da comunidade, para a energia produzida chegar até eles. Mas o nosso sistema está em pleno funcionamento”, explicou o engenheiro Bruno Giacchetta, da Assessoria de Mobilidade Elétrica de Itaipu, que liderou a equipe de sete pessoas – quatro da Itaipu e três da empresa espanhola Ingeteam – na missão ao Amazonas.

Energia solar à noite

No interior da Amazônia, o quartel é abastecido com eletricidade por um sistema dos mais modernos do mundo. Foto: Itaipu

O sistema foi desenvolvido pela equipe do Programa Veículo Elétrico (VE), da Itaipu. Durante o dia, parte da energia produzida pelos painéis alimenta a rede, enquanto o excedente é armazenado nas baterias.

No período noturno, as baterias garantem a iluminação. O gerador a diesel vai funcionar apenas como backup.

De acordo com o coordenador brasileiro do Projeto VE e chefe da Assessoria de Mobilidade Elétrica de Itaipu, Celso Novais, o grande diferencial do projeto esta no software de gestão e nas baterias de sódio 100% recicláveis.

“Elas são resistentes às altas temperaturas da região, não perdendo vida útil nem correndo o risco de explosão, se comparadas com outros tipos de baterias”, conta Novais.

Segundo ele, Itaipu trabalha, atualmente, no desenvolvimento de outra bateria de sódio com característica planar, ainda mais moderna e que deverá reduzir em um terço o custo de fabricação; além de outras vantagens.

Exército e índios

Na Amazônia, o sistema integrado vai abastecer um pelotão com 60 pessoas, além da comunidade de 200 indígenas das etnias coripaco e baniwa, que está localizada ao lado do posto militar.

“A participação de uma comunidade no projeto foi uma exigência da Itaipu quando assinou o acordo com o Exército, em 2014”, explicou o chefe da Assessoria de Inteligência da Itaipu, Luiz Felipe Kraemer Carbonell.

Na comunidade indígena, a energia vai abastecer postes de luz, uma escola, um posto de saúde e o centro de artesanato.

De acordo com Carbonell, no futuro, este modelo poderá atender outros pelotões e povos em regiões remotas do País. No total, o Exército mantém 28 destacamentos em toda a faixa fronteiriça brasileira.

“Nosso maior objetivo é garantir a segurança energética desta região.” O próximo pelotão deve ser o de São Joaquim, também na Amazônia Legal, que tem uma comunidade de indígenas yonamis nas redondezas.

Logística complicada

Carbonell: No futuro, sistemas semelhantes atenderão outros postos do Exército e populações de regiões remotas. Foto: Itaipu

A missão da Itaipu em Tunuí-Cachoeira é a terceira ida da equipe à região. Na primeira viagem, eles identificaram a área onde seria colocado o sistema.

Na segunda, foi feito o transporte e a instalação dos equipamentos e dos softwares. “É uma logística bastante complicada, depende do regime dos rios e das chuvas. Foi preciso o apoio de barcos da região para levar os equipamentos”, complementa Carbonell.

A dificuldade de acesso também era um fator que encarecia o custo da energia produzida com gerador a diesel. O litro de óleo diesel, para operar o antigo gerador, custava mais que R$ 40.

“O deslocamento é complexo. O combustível acaba dividindo espaço com os mantimentos nas aeronaves ou nos barcos”, explica Novais.

“Agora será feito um monitoramento remoto, para acompanhar o status operacional dos equipamentos”, conta.

“Foi necessário adaptar o nosso sistema para se adequar à banda de internet da região, que é mais lenta. Alguns ajustes podemos fazer remotamente e outros podem ser realizados pelo pessoal local, que recebeu treinamento básico para isso. Ajustes mais complexos vão exigir nosso deslocamento à região”, conclui.

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