Memória: quando o elenco do filme Psicose prestigiou o “Oscar de Curitiba”

No Paraná, diversas produções já se valeram do acervo do MIS-PR para trazer à tona fragmentos do passado e apresentá-los sob novas perspectivas

Da esquerda para a direita: Irma Alvarez, Jece Valadão, Vanja Orico, Janet Leigh, Anthony Perkins e Karl Malden. Foto: Acervo/MIS-PR Foto: Acervo/MIS-PR

A vitória do filme “Ainda Estou Aqui” na categoria Melhor Longa Metragem Internacional no Oscar neste domingo (2) trouxe à tona uma discussão fundamental para o cinema: a importância da memória visual e fotográfica na construção de narrativas.

No Paraná, diversas produções já se valeram do acervo do MIS-PR para trazer à tona fragmentos do passado e apresentá-los sob novas perspectivas.

Um desses casos é o livro “Tribunascope – de calçada da fama à guia da calçada: memória de um festival internacional de Curitiba”, dos historiadores Vidal Costa e Christina Pinto, da editora Factum.

O historiador Vidal Costa detalha como, durante suas pesquisas, teve acesso a documentos originais da época, como notícias sobre as aventuras do estrelado elenco do filme “Psicose”, entre eles os protagonistas da trama Janet Leigh e Anthony Perkins, que foi ao festival em Curitiba.

“Fomos ao Canal 4 da TV Iguaçu, onde, no subsolo, funcionavam as instalações do Jornal do Estado do Paraná e da Tribuna. Tivemos acesso ao necrotério do jornal, que era ‘extremamente organizado’, com pilhas e pilhas de caixas amontoadas em um salão imenso”, relata.

Pesquisa
A pesquisa de Vidal e Christina teve início em 1992, quando buscavam o tema apropriado para o trabalho de conclusão de curso em história, na Universidade Federal do Paraná (UFPR).

A preservação desse tipo de material torna possível reconstruir contextos e entender como o cinema foi utilizado não apenas como expressão artística, mas também como ferramenta de influência cultural e ideológica.

Os pesquisadores entendem que o júri do festival se inspirou no modelo europeu que inaugurou o tipo de evento filmográfico. Ao repetir o padrão de festival da época, como o de Veneza (1932), os prêmios refletiam as diretrizes políticas da época.

Ainda que em contexto e formato diferente ao italiano, o Tribunascope foi divulgado como “Oscar de Curitiba”, sem sessões de filmes, e com intuito de nacionalizar Curitiba que, até então, somava 360 mil habitantes em 1960, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A história do Tribunascope, antes restrita a poucas lembranças, agora ganha um novo fôlego graças ao trabalho dos historiadores junto ao apoio de acervos como o do MIS-PR. A Editora Factum também preserva a memória de outros 15 livros sobre a história cultural do Paraná.

Com informações da AEN

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