Sabe por que o Paraguai está atraindo tantas empresas brasileiras? A resposta é simples. Menos impostos, menos burocracia, mais estímulo aos empreendedores.
Não é por acaso que, no ano passado, a embaixada brasileira em Assunção recebeu nada menos que 445 consultas de empresas interessadas em se mudar para o Paraguai. O número é 64% maior que o de 2016.
Também não é por acaso que sete de cada dez indústrias que se instalaram no Paraguai, nos últimos cinco anos, sejam do Brasil, país que tem uma carga tributária tão perversa quanto a burocracia que se exige para abrir e manter uma empresa.
A cada dia publicações brasileiras trazem extensas matérias sobre o Paraguai, o novo Eldorado para o empresariado brasileiro. A última foi publicada na edição desta sexta (16) no Correio Braziliense, o tradicional jornal da capital federal.
Com o título “Por mais vantagens, empresários trocam o Brasil pelo Paraguai”, a reportagem abre citando o caso de um empresário paulista de 38 anos que sonhava montar uma fábrica de implementos rodoviários.
Pesquisou mercados e custos durante dois anos e decidiu, por fim, abrir a unidade. Mas não no Brasil, e sim no Paraguai. “Não há comparação em termos de atratividade”, disse ele ao Correio.
E explicou que, no caso de sua fábrica, ele vai pagar 31% menos impostos do que pagaria no Brasil. Além disso, os encargos trabalhistas no Paraguai ficam em torno de 30% do salário do empregado, enquanto no Brasil superam 100%.
Por fim, tem o custo da energia elétrica, que no Paraguai é 70% mais baixo.
Com todas essas vantagens, a região de Assunção levou a fábrica do empresário paulista, um investimento de R$ 1,2 milhão que vai gerar 25 empregos diretos. “Novos aportes virão quando a fábrica deslanchar. Sua ideia é exportar para toda a América do Sul – inclusive o Brasil”, diz o Correio.
E este é só um exemplo. Há dezenas de jovens empreendedores que estão desiludidos com o mercado brasileiro e veem no Paraguai a oportunidade de pôr em prática seus planos.
Como diz outro jovem empreendedor ouvido pelo Correio Braziliense, “o Paraguai está virando a China”. Ele também se cansou “de perder tempo com a eterna burocracia” e diz que “o governo brasileiro só traz problemas. Eu quero solução”.
Maquila
À parte todas as vantagens já citadas, o que torna o Paraguai ainda mais atraente é a famosa Lei da Maquila, inspirada em legislação semelhante adotada pelo México para atrair multinacionais, em meados dos anos 1960 (hoje, o México tem mais de 4 mil fábricas sob este regime).
No caso paraguaio, a Lei da Maquila existia desde 1997, mas ganhou novo fôlego no governo do presidente Horacio Cartes, que assumiu em agosto de 2013.
Essa lei prevê que as empresas que exportam 100% de sua produção paguem apenas 1% de impostos, um incentivo que não existe em nenhum outro país da região.
O resultado é que as exportações das empresas maquiladoras saltaram de US$ 134,5 milhões em 2013 para US$ 369,5 milhões em 2017.
Do total dessas empresas, 69% têm origem brasileira, 17% são paraguaias e 8% são argentinas.