Mobilidade urbana: Foz não precisa inventar, só copiar bons exemplos

A foto de Marcos Labanca mostra qual é a prioridade da mobilidade urbana em Foz do Iguaçu.

Foz do Iguaçu tem um grupo de trabalho que vai elaborar o Plano de Mobilidade Urbana, diz matéria publicada no site H2Foz (https://goo.gl/dnK6kQ.).

Pra análise: Bogotá, capital da Colômbia, é hoje uma das três cidades em todo o mundo que são referência em políticas de mobilidade urbana e descentralização de serviços públicos (as outras são Bruxelas, na Bélgica, e Tapiola, na Finlândia).

E sabe o que é curioso? Bogotá não inventou nada. Ao contrário, transplantou pra lá o sistema de transporte coletivo que Curitiba criou nos anos 1970, com pistas exclusivas para ônibus e sistema de vias binárias, e ampliou o conceito (que praticamente morreu na casca, em Curitiba) de priorizar o pedestre e o ciclista.

Curiosamente, mas não que isso espante os experts, as soluções de mobilidade urbana resolveram um dos maiores problemas de Bogotá: a violência. O número de homicídios caiu de 82 por 100 mil habitantes (quase o dobro da média brasileira) para 16.

Sabe o que significa priorizar o tráfego de pedestres e ciclistas? Simplesmente não se preocupar em criar vagas de estacionamento. Ao contrário. O estacionamento não é garantido pela Constituição colombiana. Portanto, se o governo quiser, pode simplesmente retirar os carros estacionados numa rua e fazer ali uma ciclovia.

Bogotá tem 7 milhões de habitantes, 25 vezes mais que Foz do Iguaçu. Já pensou como é bem mais fácil planejar a mobilidade urbana numa cidade comparativamente tão pequena?

Só é preciso driblar o provincianismo e o querer agradar a qualquer custo. Ouvir a população é essencial, mas o atendimento tem que se basear no que é essencial para todos, não para grupos determinados.

Um (mau) exemplo prático de Foz: a prefeitura ouviu as queixas dos comerciantes da Vila A e decidiu ampliar o número de vagas de estacionamento, praticamente eliminando o canteiro central da Avenida Silvio Américo Sasdelli no trecho comercial.

Se essa for a política, de atender os comerciantes de todos os bairros, Foz perderá canteiros e calçadas para virar um enorme estacionamento.

Se ouvir só os motoristas, haverá muitos estacionamentos e também vias rapidíssimas, rápidas e quase rápidas, não haverá radares e pedestres e ciclistas terão que fazer mais ou menos o que já fazem hoje: se virar pra não morrer na rua.

Se forem ouvidas só as empresas de ônibus, fica como está. Serviço deficiente, com linhas que circulam pelas mesmas vias e que deixam grandes regiões sem ligação entre si e com o centro. O povo sabe disso.

Bom saber que o grupo de trabalho não conta apenas com representantes de secretarias municipais, mas também de associação de ciclistas e da Unila, entre outras entidades.

A intenção, como informou o H2Foz, é que, a partir de um fórum que procurará ouvir toda a comunidade, nos dias 23 e 24 de novembro, seja então elaborado o Plano Municipal de Mobilidade Urbana.

Até lá, talvez seja interessante segurar a sanha dos burocratas e tecnocratas de resolver problemas do trânsito do jeito que conhecem: abrindo mais espaço para os carros, em detrimento do transporte coletivo, do ciclista e, principalmente, do pedestre, que deve ser sempre o primeiro a ser considerado em qualquer projeto, ideia ou obra.

 

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