Por Cristina Loose, especial para o Não Viu?
A queda de uma árvore em uma área de camping conhecida como Lolén, na região do Parque Nacional de Lanín, na província de Neuquén, Argentina, registrada em 1º de janeiro de 2016, está diretamente ligada a protestos que foram programados pelos guarda-parques da Argentina.
O fato, registrado há mais de sete anos, causou a morte de dois menores de idade e deixou dois adultos feridos. Além disso, quatro agentes da Administração de Parques Nacionais foram acusados e estão respondendo pelo crime de homicídio culposo por supostamente não cumprirem os deveres deles como funcionários públicos.
Os servidores foram demitidos e, de acordo com os colegas, não receberam apoio nem orientação da Administração de Parques Nacionais.
Por meio de nota, os trabalhadores do Parque Nacional do Iguaçu informaram que aparentemente o “Ministério Público Federal também considera responsabilidade dos servidores públicos prever eventos naturais que coloquem em risco a segurança dos visitantes dentro das áreas protegidas”.
Eles destacaram ainda que a queda de uma árvore é um fenômeno da natureza e que isso pode ocorrer em qualquer área de mata.
“Não é admissível responsabilizar os servidores da Administração dos Parques Nacionais pelas eventualidades que venham a ocorrer nas áreas naturais, onde há riscos inerentes à visitação. Se for assim, quem vai garantir a abertura e o funcionamento dos Parques Nacionais?”, diz a nota.
Diante desta situação, o pessoal da Administração dos Parques Nacionais permanece em estado de alerta e mobilização.
Mobilizações – Vários protestos deverão ser realizados em toda a Argentina, para chamar a atenção para a situação que, segundo os servidores, gera instabilidade laboral e jurídica aos trabalhadores e a todo o setor do turismo, do qual dependem as economias regionais.
Na região de Iguazú, a “área das quedas”, nas Cataratas do Iguaçu, estará fechada no dia 27 de setembro, Dia Internacional do Turismo. O movimento será realizado dois dias antes da segunda audiência no Tribunal da Província de Neuquén e os servidores estarão no portão do Parque para repassar informações aos visitantes.
Nos dias do julgamento, 30 e 31 de outubro, e 1 e 2 de novembro, a Administração dos Parques Nacionais vai estar completamente fechada, em “vigília judicial”.
Os servidores ressaltam que é importante contar com o apoio de todos os setores que direta e indiretamente prestam serviços e realizam tarefas diárias no Parque Nacional do Iguaçu.
Apoio – Nestor Sucunza, que atua como guarda-parque nacional, esclareceu que os fatos ocorreram em área de domínio privado da Comunidade Mapuche, onde – conforme comprovado na investigação – eram regularmente aplicadas as normas relativas ao controle de árvores, dentro do que orienta o Regulamento Florestal.
O exemplar caído não apresentava sinais de risco e estava localizado em uma zona eminentemente acidentada, na qual – como também foi demonstrado – havia muitas indicações de medidas preventivas que os visitantes precisam seguir.
“Não se trata de uma área urbana onde os ambientes são controlados indivíduo por indivíduo, espécime por espécime. O objetivo final das Áreas Protegidas é a conservação dos ecossistemas que as compõem, atentando justamente para a interação de todos os fatores relacionados. Não é uma praça da cidade e pedimos à APN que auxilie na defesa dos seus agentes, injustamente acusados e processados”, falou.