Morre Rubens Nogueira, um ícone da Itaipu que recebeu as principais autoridades de quase todo mundo

“Ter fé é assinar uma folha em branco, e deixar que Deus escreva o que quer”, Sto.Agostinho

Rubens Nogueira foi relações públicas da Itaipu desde a construção da usina. Foto: cortesia

Rubens Nogueira: uma vida dedicada a ler, escrever e ser sábio

*Por Maria Auxiliadora Alves dos Santos

O legado e a essência humana do jornalista, publicitário, relações públicas e escritor Rubens Nogueira, que morreu neste domingo (16), aos 95 anos, de causas naturais, sintetiza a elevada aspiração de Santo Agostinho.

Familiares e amigos de Rubens testemunharam o sábio escritor das memórias de sua vida assinar, com fé e coragem, folhas em branco, aceitando assim a suprema vontade de Deus.

Por princípio e absoluta convicção, se permitiu viver de forma saudável, construtiva e solidária.

Sempre foi protagonista e jamais vitimista das circunstâncias da vida.

Não foi santo e nem herói, mas edificou seu castelo tirando duras e boas lições da vida. Pela garra e fé nada lhe faltou.

Com sábia lucidez e resignação tinha consciência de que tudo na vida era efêmero, por isso cultivou o bem e o bom humor, fazendo piada e poesia de sua solidão, sofrimentos, decepções e desafios, se reinventando enquanto pode.

Foi dessa forma que Rubens selou um concerto com a própria existência.

Afinal, quem é e o que fez este nobre cavalheiro da vida?

De formação cristã, presbiteriano, Rubens Nogueira nasceu em Sorocaba. Filho de Theodoro e Hortência Nogueira, casou-se por cinco vezes, teve três filhas e um filho, dez netos e cinco bisnetos.

Apesar da pouca convivência com a família, eternizou a história de seus ancestrais em um dos seus livros, sendo, por este motivo, destacado pela FIEP, em artigo sobre genealogia, na Revista Observatório da Indústria.

Na capa de um de seus livros (Muitos Anos Depois) Rubens, com modéstia e graça define sua vida da seguinte forma: “A vida aventurosa de um Zé Mané que saiu de Sorocaba com 20 anos, morou no Rio de Janeiro 33 anos, viajou pela “Oropa, França e Bahia” e acabou no Bacacheri…”

Entre o sonho e a realidade, os rumos da vida de Rubens foram marcados pela expansão de sentimentos de brasilidade e regionalismo, honrados pela cumplicidade de um homem justo e fiel à sua consciência e à sensibilidade de uma alma espiritualizada, em busca de seus desejos e paixões.

Nunca se aposentou.  Aos 90 anos se tornou blogueiro, porque leu, escreveu e transmitiu sua sapiência até a morte.

Navegou desde 1948 como publicitário, jornalista, relações públicas e escritor entre Sorocaba, Rio de Janeiro, Foz do Iguaçu, Itaipava, Curitiba – onde levantou sua âncora depois de ter sido 25 anos “bicho do Paraná” – e, em 2007, voltou ao Rio de Janeiro.  Rubens brincava: “Voltei a ser o Garoto de Ipanema, numa versão fisicamente mais limitada”

Mas todos sabiam que era uma versão muito mais sábia e carregada de sucesso, por ter cumprido, exemplarmente, sua carreira como chefe de Relações Públicas da maior produtora de energia do mundo.

Rubens recebeu o maior número de autoridades grifadas no livro de visitantes da usina de Itaipu.

Como relações públicas da Itaipu Binacional, desde a época da construção da usina até ela estar concluída, apertou a mão de realezas, primeiros-ministros, presidentes, mandatários e celebridades de todo o planeta. Mas, com admirável capacidade de reinventar o cotidiano e, a simpatia própria de um homem de comunicação, o RP por excelência, gostava mesmo era de apertar as mãos de todas as pessoas, desde os mais graduados até os mais humildes.

E, assim, conquistou uma legião de conhecidos e amigos, abrindo espaços únicos, onde pode deixar seu reconhecimento, gratidão e contribuição humana e profissional a sorocabanos, paranaenses, cariocas, enfim, aos brasileiros e estrangeiros que tiveram a sorte de conhecê-lo em sua missão que hoje se finda.

Soube combater o bom combate com dignidade, generosidade, sabedoria e, com honras da vida, hoje descansa em paz.

*Maria Auxiliadora Alves do Santos é jornalista e, depois de passar por várias redações de jornais e televisões, foi chefe da Divisão de Imprensa da Itaipu Binacional.

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