Novidade do Não Viu?: Causos de Itaipu

Você vai conhecer as histórias hilárias da construção da Hidrelétrica de Itaipu

Capa do livro. Foto: reprodução

Desde o instante em que os primeiros peões botaram os pés no canteiro de obras da Hidrelétrica de Itaipu nasceram as primeiras anedotas e histórias – verídicas ou muito perto disso – do que acontecia durante a construção da usina, até então a maior do mundo.

Por esse motivo, a partir deste fim de semana, o Não Viu? passará a publicar uma coletânea dessas histórias hilárias contadas pelos barrageiros e publicadas, na década de 90, pelo Jornal de Itaipu e que, devido ao sucesso que obtiveram, fizeram parte de um livro.

Na época, quando a Comunicação Social da empresa era comandada pelo jornalista Hélio Teixeria de Oliveira, o Jornal da Itaipu chegou a promover um concurso entre os empregados, para que enviassem causos para a publicação, dando prêmios aos melhores.

O resultado foi um mar de histórias, das quais foram selecionadas as que fizeram parte do livro.

Sendo assim, chega de milongas e vamos à escolhida (aleatoriamente) para ser a primeira publicada no blog.

“Dr. Nicão”

O período de 1977/78 foi a época de maior afluxo de peões, em busca de trabalho nas frentes que atuariam nas obras de escavação e terraplenagem da usina.

Foi nesse período que a Unicon (consórcio responsável pela construção da barragem) inaugurou um posto de recrutamento, exatamente no prédio onde hoje funciona o Ecomuseu.

Eu trabalhava na Divisão de Medicina do Trabalho da Unicon. Minha sala ficava em uma das alas do amplo edifício.

Por uma janela, da minha sala podia-se acompanhar o movimento de pessoas que vinham de todas as regiões para se candidatar a um emprego (para “serem fichados”, como se dizia).

Certa vez, eu datilografava um documento, quando minha atenção foi despertada por um homem de aparência bem humilde. Meio perdido naquela multidão de trabalhadores, ele me viu pela janela e veio para o meu lado.

– Moça, onde fica a sala do dr. Nicão?

Não entendi a pergunta. Ele repetiu:

– Eu estou procurando a sala do dr. Nicão, me disseram que ele tem um emprego pra mim.

Desta vez, ficou claro. Levei-o à sala dos recrutadores, na outra ala do prédio. Expliquei aos rapazes que o moço queria um emprego na Unicon (que ele pensava ser uma pessoa, não uma empresa).

Um dos recrutadores dirigiu-se então ao candidato:
– O sr. tem profissão?
– Tenho não, moço, quarqué serviço tá bão…

– No momento, só temos duas vagas para médicos. De ajudante, não há vaga, por enquanto.

E o rapaz, aproveitando a deixa:

– Me dá uma dessas mesmo, moço, e eu vô quebrando o gaio até saí a minha vaga de ajudante.

Causo enviado por Iracel de Moura Aguiar para a edição de agosto e setembro de 1998 do Jornal de Itaipu

 

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