Recém aprovado em vestibular do curso de medicina, sua euforia era muito grande, porém, e com certa apreensão, se preocupava em transmitir aquela boa nova a um membro da família cujos laços afetivos eram muito fortes: seu avô.
Para comemorar aquela batalha vencida, e há muito perseguida, sua razão maior, naquele momento, era encontrar uma forma de participar o avô, realmente uma pessoa especial em sua vida, porém sem que houvesse qualquer problema de causar um efeito contrário pelo aspecto emocional.
Esse era seu desafio.
Bingo! Não deu outra, vou participar fazendo o que ele mais gosta e durante o evento eu largo a notícia.
Que evento seria esse?
O jogo de “truco”, que ele adorava jogar com o neto, até porque quase sempre ganhava e quando estavam juntos não dispensavam a ocasião.
Havia, porém, um fator a considerar, ambos eram extremamente competitivos, e, como sempre ocorria, quando jogavam, o “bicho pegava”.
Decidido como seria a participação do resultado do vestibular, convidou o avô para uma rodada de truco e, depois de muitas partidas, aquela esperada situação em que a desforra viria… saiu com copa e gato, e o avô com o espadilha e dois três. Para quem conhece truco… é adrenalina pura uma mão dessa.
Foi quando, matreiramente, o neto deixou o velho ganhar a primeira e, na sequência, este trucou jogando um três que o neto “matou” com o gato e levantou para seis, o avô, com o espadilha na mão gritou 9 e daí a tragédia, o neto retrucou berrando 12 velho FDP e jogou o copa… levou um safanão e a seguinte colocação: isto é para respeitar os mais velhos, pirralho.
O neto, resignado, exclamou, perdi minha única chance de ganhar do velho.
E rindo, se abraçaram, não sem antes ouvir do avô: vais ter muito que aprender ainda…
Carlos Roberto de Oliveira é empresário do ramo de Logística em Foz do Iguaçu