O gato fugitivo

No décimo dia, uma vizinha nos chama em casa, pois havia um gato preto em sua residência

Foto: Pixabay

O gato fugitivo

*Por Carlos Galetti

Todos os dias, antes de dormir, tem conferência dos gatos, afinal são nove, efetivo difícil de controle. Nesse dia faltou um, justamente o mais levado, o Zé Trovão, mais voltado para as coisas mundanas da vida, apesar de castrado apresentava um certo assanhamento.

Outro dia o observava enquanto passava uma gata pela rua, ficou deveras perturbado, andando de um lado para o outro, o bichano suspirava, piscava, se insinuava.

Tanto que, nesse dia, do sumiço, corri na outra rua, pois sabia mais ou menos onde morava o pedaço de mal caminho do Zé. O fato é que procuramos por tudo, subimos e descemos ruas, perguntamos, colocamos fotos nos grupos de WhatsApp, fizemos o possível e o impossível, mas não logramos êxito.

Assim foram cinco dias, perguntas sem respostas, tristeza nossa e dos demais gatos. Procuramos por todo Libra, os quatro Libras, andamos nas adjacências, fomos em lojas, pets, comércios afins de animais.

Iniciamos o processo de conformação, passamos a fase de aceitação. Voltamos à normalidade da vida, a bem da verdade, escondíamos a nossa decepção sob nossas frustrações.

No décimo dia, uma vizinha nos chama em casa. Havia um gato preto em sua residência, e ela temia pelos cachorros que o ameaçava. Corremos a sua residência, constatando que o Zé Trovão havia voltado ou sido impulsionado de volta.

Estava depauperado, magro, esfomeado, muito prejudicado. Cheguei a lhe perguntar: – E aí, gostou da farra? Mas só baixou a cabeça e não respondeu. Agora era recuperar o bruto, levamos ao veterinário, onde constatou-se ter uma luxação no colo do fêmur. Terá que operar. O médico veterinário garante sua recuperação, voltará ao normal.

Fazer o que? Como diz o outro, vida que segue.

Enquanto isso, ficamos na torcida, que os outros não sigam seu mal exemplo. Se virar moda, fugir e voltar todo cheio de porrada, ainda quebrado a ponto de precisar intervenção cirúrgica, aí sim, estamos ferrados.

Enquanto escrevo, parece saber que falo dele, não me encara, olha pra mim e baixa a cabeça. Não descola da minha mulher que lhe dá a maior boa vida, fica no colo de barriga pra cima, quando eu chego arregala o olho, virei o seu terror, só quero que compreenda a besteira que fez, pois largou uma vida boa por algo muito duvidoso.

Meus filhos, claro, são adultos, hoje nos dedicamos aos seus filhos, os netos. Para temperar esses relacionamentos, o fazemos com bichos de estimação. Adoramos esses pequeninos, imagine quando se juntam netos e bichos, verdadeira loucura, momentos inesquecíveis.

Verdadeira sinfonia, miados e choros de crianças. Miau! Buá!

*Carlos A. M. Galetti é coronel da reserva do Exército, foi comandante do 34o Batalhão de Infantaria Motorizado. Atualmente é empresário no ramo de segurança, sendo sócio proprietário do Grupo Iguasseg. 

Vivendo em Foz já há mais de 20 anos, veio do Rio de Janeiro, sua terra natal, no ano de 1999, para assumir o comando do batalhão.

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