Operação sem fim: veja por que o buraco tapado hoje vira um novo buraco amanhã

Olhando bem essa foto, dá pra perceber que a pista toda está se esfarinhando. O buraco tapado vai durar mais que a pista?

Pode reparar. Você passa por uma rua de Foz que recebeu a operação tapa-buracos e o carro vai que é uma beleza. Aí, cai um toró na cidade. Pronto, lá estão os buracos, proliferando como coelhos.

A Prefeitura se gaba de fazer “operações tapa-buracos” em toda a cidade, graças à Usina de Asfalto, onde é produzido o asfalto a frio, ou PMF (Pré-Mistura a Frio).

O problema começa aí: o material utilizado na buraqueira de nossas ruas. E termina na forma errada de fazer o serviço.

Tapou-se o buraco com asfalto diferente do usado na construção. Sem técnica, sem preparo do local.

Reportagem técnica publicada na revista FlatOut (leia aqui), com o título “Cinco fatores que tornam o asfalto brasileiro tão ruim”, fala que as operações tapa-buracos, quando mal feitas, vão provocar novos danos em breve, “provavelmente ainda mais extensos”.

Pra reparar um buraco aberto na pavimentação, é preciso usar massa asfáltica com a mesma composição do pavimento, isto é, se foi feito com “asfalto a quente”, é esse que deverá ser utilizado. E não é só tapar o buraco. É preciso remover também parte da camada ao redor do buraco.

E mais: o cimento asfáltico aplicado a frio sobre o asfalto danificado, com granulação e composição diferente da original, somado ainda à aplicação incorreta, torna o reparo “um remendo frágil”,diz o especialista.

Um leitor da FlatOut, engenheiro, acrescenta: “o buraco tem que ser cortado em cantos retos (fazer um cubo, com cantos, para o reparo ficar firme no lugar), para não fazer tapa-buraco no tapa-buraco do ano anterior”.

Observe uma equipe da Prefeitura em ação, jogando no buraco aquela mistura de asfalto a frio, sem qualquer cuidado, e você vai entender por que em pouco tempo o buraco reaparece. Às vezes, com vizinhos.

A Usina de Asfalto de Foz do Iguaçu.

A Usina de Asfalto era um sonho que o prefeito Chico Brasileiro conseguiu realizar. Mas, para os iguaçuenses, o pesadelo vai continuar.

Na época da inauguração, a Prefeitura divulgou que o asfalto produzido na usina “oferece maior resistência, estabilidade e durabilidade”.

E dizia que, “fabricado da mesma maneira que o asfalto convencional, (o asfalto) recebe um aditivo durante o processo de usinagem que permite a aplicação a frio, ao contrário do asfalto convencional, que deve ser aplicado a quente”.

Por que será que estão usando asfalto a quente na ampliação da pista do aeroporto de Foz, por exemplo, e não a frio, como se orgulha a Prefeitura?

Aliás, para fazer uma avenida, é preciso apelar pro asfalto a quente, que em Foz é produzido pela Construtora Coguetto Maria, por sinal contratada pela Infraero para construir a pista do aeroporto.

A construtora tem como um dos sócios o deputado Nelsi Coguetto Maria, o Vermelho. A construtora aparece na Operação Pecúlio como uma das acusadas de pagar mensalinho a servidores e políticos na gestão de Reni Pereira. Aliás, o ex-prefeito continua livre, leve e solto.

Antes de investir R$ 2 milhões na usina, mais o investimento feito diariamente na produção de asfalto e nas operações tapa-buracos, seria interessante a Prefeitura procurar a opinião de um especialista.

É o que mais falta em Foz, aliás. Gente que entenda de urbanismo, de pavimentação, de planejamento, etc, etc. E que não tenha medo de ferir suscetibilidades, pessoais ou políticas.

Atualização sobre referência a Vermelho

O blog recebeu um email do jornalista Adelino de Souza, que faz assessoria do deputado Vermelho (Nelsi Coquetto Maria), a propósito da informação de que ele é sócio de construtora denunciada na Operação Pecúlio.

A íntegra:

Ao jornalista Cláudio Dalla Benetta:
Sobre sua nota publicada hoje no blog “Não Viu”, temos a informar que o empresário Nelsi Coguetto Maria, hoje deputado eleito Vermelho, não faz parte do quadro societário da Construtora Coguetto Maria.

A denúncia contra a referida Construtora partiu da colaboração premiada de um dos envolvidos na Operação Pecúlio. Jamais ocorreu qualquer tipo de pagamento de “mensalinho”, nem foi constatada outra irregularidade envolvendo o nome da empresa, tanto é que as acusações não se confirmaram e houve a absolvição na Justiça Federal.

Continuamos à disposição para maiores esclarecimentos.

Adelino de Souza
Assessoria

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