Os meandros da propaganda
*Por Carlos Galetti
Hoje, falaremos sobre os meandros da propaganda, aquelas mensagens que, algumas vezes, nos tocam por uma vida inteira. As mensagens dos comerciais, que ao longo da vida nos marcam profundamente ou de forma superficial, mas que, às vezes, passam de uma vida a outra.
Veja ilustre passageiro o belo tipo faceiro que agora viaja ao seu lado, no entanto acredite, quase morreu de bronquite, salvou-o o “Run Creosontado”, e curava de tudo, de câncer à bronquite, passando pelo resfriado.
Nessa linha de cura tudo, tinha o “Emulsâo Scott”; o “Metiolate”, que ardia pra cacete, mas cicatrizava; ou o famoso “Vick Vaporub”, que tinha o poder de descongestionar, nos permitindo uma noite tranquila, transformando nossas mães em verdadeiras fadas da medicina.
Quem não lembra daquele frio batendo na porta, onde se perguntava, quem bate: – É o frio!
Ao que tínhamos como resposta: – Não adianta bater, eu não deixo você entrar, as Casas Pernambucanas é que vão aquecer o meu lar. Vou comprar flanelas, lãs e cobertores eu vou comprar, nas Casas Pernambucanas e nem vou ver o inverno passar.
Ou então o milagre do barbear, que dizia: – Está no fim seu creme de barbear, mas aperta aqui, aperta ali, mais uma barba. Espere, aposente este herói que já deu mais de 120 barbas, suavizou o corte de muitas lâminas, melhorou sua pele com “lantrol”. Compre outro e renove a satisfação de abrir um tubo cheinho de um creme tão extraordinário, que você gostaria que nunca mais acabasse… Creme de Barbear Bozzano, Bozzano, Bozzano…
Sempre gostei de comercial, cheguei até a pensar em trabalhar no ramo, mas os sonhos são derrubados de acordo com as impossibilidades. Lembro que certa feita, no Rio de Janeiro, surgiu um comercial sobre curso de propaganda e marketing.
Era uma música: – Marketing, marketing, é melhor do que swing. Maneca em passarela, rádio TVC, cobra em propaganda pode ser você. Quem dorme de toca faz xixi na cama, não ganha grana e aprenda com quem faz. Sou desses ares de escola que é superior. Venha logo ser o show, venha logo ser o show!
Ou, ainda, a história do japonês que se perde em lugar ermo, mas é resgatado pela falecida Varig, empresa aérea, histórias rápidas e sintéticas que contam grandes histórias em coisa de segundos.
Eu estudava num colégio interno, ficava de segunda à sexta, vindo no final de semana. Todas as segundas, quando saíamos, eu e meu pai, para ir ao colégio, ouvia a introdução no rádio do programa do Haroldo de Andrade, um programa do Rio, que era uma música do maestro Villa Lobos, o grande compositor clássico brasileiro.
Passei a associar esta música a momentos de tristeza, de afastamento, pois todos temos nossos “Pés de Laranja Lima”.
Depois de tantos comerciais, encerro com o clássico: – Passa, passa, Talco Roz, na bundinha do neném; passa Talco Roz…
Até a próxima!
*Carlos A. M. Galetti é coronel da reserva do Exército, foi comandante do 34o Batalhão de Infantaria Motorizado. Atualmente é empresário no ramo de segurança, sendo sócio proprietário do Grupo Iguasseg.
Vivendo em Foz já há mais de 20 anos, veio do Rio de Janeiro, sua terra natal, no ano de 1999, para assumir o comando do batalhão.