Países devem se unir para produzir energia elétrica, diz Vianna

Vianna defende integração energética em palestra. Foto: Nilton Rolin\Itaipu Binacional

A união de países para produzir energia elétrica – a exemplo do que fizeram o Brasil e o Paraguai – é uma “alternativa viável para a geração com qualidade e baixo custo no atual contexto econômico”, segundo o diretor-geral brasileiro da Itaipu, Luiz Fernando Leone Vianna. Para ele, isso é cada vez mais uma necessidade.

Vianna partiicpou na quarta-feira (8) da abertura do Seminário de Planejamento Econômico-Financeiro do Setor Elétrico), promovido pela Fundação Comitê de Gestão Empresarial (Coge). Itaipu é anfitriã do evento, que acontece no Parque Tecnológico Itaipu (PTI) e reúne, até sexta-feira (10), mais de 200 profissionais do setor elétrico brasileiro.

O diretor citou dados que confirmam a importância da integração energética. A PSR (empresa especialista na consultoria de empresas de energia elétrica e gás natural) avalia que o Brasil poderia reduzir seus custos operativos em até R$ 8 bilhões se utilizasse plenamente as interconexões já existentes com a Argentina e o Uruguai.

Mas há alguns cuidados necessários. O tempo dos contratos, segundo Vianna, é um exemplo. Eles são perenes, atemporais e soberanos – têm mais poder que as próprias legislações dos países. “O Tratado de Itaipu, que pode ser utilizado como referência por outros países, não prevê separação. É um casamento que precisa dar certo”, comparou.

As diferenças podem ser um obstáculo – mas não intransponível. “A semelhança é um agente facilitador de integração, mas não imprescindível. Podem fazer parcerias de sucesso mesmo com realidades distintas”, explicou.

Diferenças

Para ilustrar, novamente a Itaipu surge como exemplo. “Brasil e Paraguai são bem diferentes”, lembrou o diretor. Em 1972, a população brasileira chegava a 100 milhões de pessoas; a paraguaia, a 2,6 milhões.  Hoje, são 206 milhões de brasileiros e 6,7 milhões de paraguaios.

Outra distinção está no consumo da eletricidade. Em 1972, o Brasil consumia 49.831 GWh e o Paraguai, 231 GWh. Vianna ressaltou que a diferença no consumo entre os dois também foi prevista no Tratado de Itaipu.

Como cada um é dono de 50% de tudo que a usina produz, o documento determina que o excedente deve ser vendido para o sócio. “O consumo do Paraguai tem aumentado e, por isso, sobra menos para o Brasil comprar. Hoje, o país vizinho já consome 14.188 GWh, 61 vezes mais que naquela época.”

Vianna também falou sobre o Anexo C do Tratado, que vence em 2023, quando Itaipu termina de pagar sua dívida com o Tesouro Nacional. “O preço da tarifa da Itaipu é com base no custo. Até lá, 62% do faturamento é para pagar a dívida”.

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