O paradoxo da harpia: da comemoração de um nascimento ao medo de perder uma propriedade rural

50º filhote nascido dentro do programa de reprodução de harpias. Foto: Alexandre Marchetti.

Nesta semana, a ave da foto acima foi motivo de comemoração, pois trata-se da 50ª harpia nascida em cativeiro no Refúgio Biológico da Itaipu Binacional.

Por outro lado, também nesta semana, o diretor-presidente do Instituto Água e Terra (IAT), Everton Luiz da Costa Souza, emitiu um comunicado aos proprietários rurais da região Sudoeste do Paraná no qual orienta a necessidade da preservação e a importância do apoio nas buscas de uma harpia avistada no município de Coronel Domingos Soares, no início de abril.

De acordo com o IAT, as imagens feitas por um observador de aves surpreenderam técnicos e ambientalistas, mas também geraram insegurança nos fazendeiros.

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Filhote sendo alimentado pelos tratadores do Refúgio Bela Vista. Foto: Alexandre Marchetti.

Devido à presença de uma espécie em estado crítico de extinção, eles temem que áreas possam ser desapropriadas para se transformarem em unidades de conservação e teriam cogitado abater o animal, caso seja visto em alguma fazenda.

Para sanar as dúvidas e garantir a preservação da ave, o presidente do IAT elaborou uma carta que está sendo distribuída em toda a extensão do território de pesquisa. No documento, convida os proprietários da região para serem parceiros na conservação da harpia e salienta que, nesse caso, não há interesse do Estado de criar de Unidades de Conservação.

Souza esclarece que pelo porte da ave – com até 12 quilos e 2,5 metros de envergadura de uma ponta à outra da asa – ela precisa de um ambiente relativamente bem conservado, com extensas áreas de floresta e espécies da fauna nativa das quais se alimenta, como tatus, cotias e macacos, entre outros.

“É uma preocupação desnecessária. O grande interesse que essa ave desperta e a sua ocorrência na região pode ser revertida em benefícios aos proprietários por meio do turismo de observação de aves”, destaca o presidente do IAT. Ele reforça que, mais do que isso, a ação integrada entre o órgão e proprietários possibilitará a implantação de uma nova atividade.

Harpia
A harpia, ou gavião real, é uma das maiores aves de rapina do mundo. Por sua imponência foi escolhida para estampar o Brasão do Estado.

O registro do observador Francisco Hamad é único, depois de muitos anos sem ocorrência documentada no Paraná.

A comunidade científica afirma que esse registro demonstra que a região Sudoeste do Estado ainda apresenta locais com as características para o habitat da harpia, uma constatação importante não apenas para a conservação dessa espécie ameaçada de extinção, mas, também, para a existência dos serviços ambientais promovidos pelas florestas como a água e a regulação climática.

Com informações da AEN

 

 

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