Paranaguá, no litoral do Paraná, firmou convênio com o consulado do Paraguai para permitir que 23 jovens cursem faculdade no país vizinho. A maioria desses jovens optou por Medicina.
Em Pedro Juan Caballero, cidade paraguaia que faz fronteira com Ponta Porã, no Mato Grosso do Sul, brasileiros ficaram na fila por horas (e dias) pra conseguir vagas em faculdades de Medicina.
Segundo o G1, “pessoas de vários estados do Brasil disputam as 300 vagas que são oferecidas para 2018”. O maior atrativo é o custo – aproximadamente R$ 1.100 por mês.
Ambas as notícias são atuais, desta semana. Elas mostram que o Paraguai está virando o eldorado para brasileiros que querem fazer curso superior sem gastar muito. Porque, no Brasil, fazer Medicina é quase proibitivo.
Calcula-se (e nesses números não dá pra confiar muito) que são 10 mil ou 15 mil brasileiros em cursos de Medicina no Paraguai. Seja qual for o número correto, é certamente alto.
Ainda bem. O Brasil precisa de médicos (chegou a “importar” de Cuba e de outros países, para o programa Mais Médicos) e a disputa nas faculdades daqui é tão acirrada que mesmo os mais vocacionados ficam de fora.
E o Ministério da Educação, embora haja necessidade de formar novos médicos, quer congelar a expansão de vagas “de forma desordenada”. Isto é, quer proibir a abertura de novos cursos. Deve ser pra evitar que o curso de Medicina vire mais um pagou-passou da vida acadêmica.
O Brasil tem pouco mais de 400 mil médicos em atividade, mas a maioria concentrados em grandes centros. Em 700 dos 5.500 municípios, não há um único médico. Em outros 1.900, há um médico para cada 3 mil pacientes.
São dados colhidos aqui e ali, mas basta ir a um posto de saúde de Foz do Iguaçu – cidade que estaria entre as mais “bem servidas”, considerando-se o número de profissionais – para perceber a carência de médicos. E de bons médicos, mais ainda.
Voltando ao Paraguai, não são os cursos de Medicina oferecidos naquele país que vão resolver o problema da falta de médicos nas regiões brasileiras menos povoadas ou mais pobres.
Mas vão, isso sim, dar oportunidade a jovens que querem fazer o curso, mas não têm condições de competir por uma vaga numa universidade pública nem recursos para pagar uma instituição particular.
Porque no Paraguai é possível cursar Medicina por um valor próximo ao que se paga para um curso mais simples no Brasil, como Pedagogia ou Direito, que não exigem laboratórios, por exemplo.
O Portal Terra publicou que Ciudad del Este e Presidente Franco são as melhores cidades do Paraguai para estudar Medicina, porque os cursos são considerados bons, pela proximidade com o Brasil e, ainda, pela maior segurança.
Pedro Juan Caballero tem bons cursos, mas a violência naquela região de fronteira é um aspecto a ser considerado. Ali, quadrilhas disputam o mando no tráfico de drogas, e o número de assassinatos é assustador.
Vale lembrar, ainda, que a grade curricular de Medicina no Paraguai é semelhante à do Brasil. É claro, estudar no Paraguai é só uma alternativa para quem já tentou e não conseguiu entrar numa faculdade pública brasileira. Mas é uma boa alternativa.