Paraguai extradita traficante no sábado. No domingo, dois membros do PCC fogem da prisão

Foto: Raúl Cañete, Última Hora

Veja como é complicado lidar com o crime organizado, tanto no Brasil como no Paraguai.

No sábado, 15, a polícia paraguaia prendeu em Assunção o traficante carioca Carlos Eduardo Vendas Cardoso, o Capilé, apontado como chefe do Terceiro Comando Puro, que foi imediatamente extraditado ao Brasil. Ele vivia há três anos no Paraguai.

No domingo, 16, dois integrantes do Primeiro Comando da Capital, o famigerado PCC que nasceu nas prisões paulistas, escaparam do quartel da Polícia Nacional na capital paraguaia, onde estão vários criminosos de alto calibre e também políticos investigados por corrupção.

Os fugitivos são Thiago Ximenes, vulgo Matrix, considerado um dos “capos” do grupo criminoso, e o pistoleiro Reinaldo Araújo, que atuava em Pedro Juan Caballero.

O vice-ministro de Segurança, Hugo Sosa Pasmor, disse nesta segunda-feira (17) que três chefes da cadeia da Polícia Nacional foram destituídos após a fuga de domingo, além de ser ordenada a detenção de 18 policiais encarregados da custódia dos presos, para ser investigado se houve cumplicidade ou negligência.

Assalto em Foz

Thiago Ximenes, o Matrix (foto), é considerado o mais importante chefe do PCC capturado no Paraguai. Ele está envolvido no assalto a um carro-forte da transportadora de valores Brinks, que estava em frente à agência do Bradesco da Vila Portes, em Foz do Iguaçu, em janeiro de 2014. Um ano antes, ele havia fugido de uma prisão em Ezeiza, Argentina.

Matrix e seus comparsas de assalto fugiram para o Paraguai, onde ele foi preso e condenado em 2017 a 20 anos de prisão, por um tribunal de Ciudad del Este, por roubo agravado e violação da lei de armas, ao ser surpreendido também tentando assaltar um carro de transporte de valores.

Quanto a Reinaldo Araújo, é pistoleiro do PCC e cumpria pena por assassinar um casal em Salto de Guairá. Na cadeia da Polícia Nacional, em agosto deste ano, ele apunhalou um policial pelas costas, quando ele vistoriava sua cela e encontrou um celular escondido entre as paredes.

Cumplicidade

A fuga dos dois provocou a detenção de 18 policiais paraguaios, por ordem do promotor Hugo Volpe, por suspeita de cumplicidade na libertação dos presos, já que não houve explosões ou tiros.

O caso está sendo investigado internamente pela polícia, mas também pela promotoria.

Segundo fontes ouvidas pelo jornal Última Hora, os dois teriam fugido usando uniformes policiais, depois de cortar com uma lima as barras de ferro de sua cela.

Mas o jornal La Nación ouviu o interventor da cadeia da Polícia Nacional, Óscar Pereira, que nesta segunda-feira afirmou que as câmeras de segurança já não funcionavam há cerca de 15 dias, e que este é um dos indícios de que os presos não fugiram, mas sim foram liberados.

A lima e as barras de ferro serradas seriam só pra disfarçar, segundo ele. Outro indício é que um dos guardas escalados para o trabalho no domingo, exatamente na área onde estavam os dois presos, avisou que faltaria ao serviço, mas ninguém foi escalado para substituí-lo.

Dois meses atrás, os agora fugitivos já haviam tentado fugir da cadeia, usando “teresas” (roupas amarradas formando uma corda), mas foram descobertos.

A cadeia da Polícia Nacional de Assunção já havia sido alvo de um escândalo há dois meses, quando a jovem Lidia Meza Burgos, de 18 anos, foi assassinada na cela do traficante Marcelo Pinheiro Veiga, o Marcelo Piloto.

O traficante foi extraditado ao Brasil, mas ninguém foi punido por ter permitido o ingresso da jovem na cela do criminoso.

Fontes: Última Hora, La Nación e ABC Color

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