O jornal La Nación, do Paraguai, repercute matéria publicada na Gazeta do Povo, no domingo (25).
Com o título “Como o Brasil acabou com menos crédito no mercado do que o Paraguai”, o jornal de Curitiba mostra que, para as três maiores agências de risco, é mais seguro investir no país vizinho que por aqui.
A Standard & Poor’s diminuiu a nota do Brasil, no início do ano, por causa da incerteza do cenário eleitoral e da não aprovação da reforma da Previdência. “O país foi parar no mesmo patamar do Vietnã – e com nota inferior à do Paraguai”, diz a Gazeta. “O mesmo cenário se repete na Moody’s”.
Com o rebaixamento anunciado pela Fitch na última sexta-feira (23), agora são três agências confirmando que a economia paraguaia é mais confiável que a brasileira.
Veja o que diz a Gazeta: “Foi-se o tempo em que o Paraguai era lembrado apenas por produtos falsificados e eletrônicos mais baratos. O país fez a lição de casa – arrumou a carga tributária, vê seu PIB crescer e mantém a inflação sob controle – e despontou como menina dos olhos de investidores, inclusive os brasileiros que instalam suas empresas e até mineram bitcoins por lá. De ‘primo pobre’ da América do Sul, o Paraguai viu sua economia se fortalecer e hoje está mais confiável do que o Brasil para os investidores”.
Mas este “avanço paraguaio não aconteceu da noite para o dia”, lembra o jornal. Muitas mudanças “se intensificaram a partir de 2013, quando o empresário Horacio Cartes assumiu a presidência do país prometendo fazer uma ‘administração empresarial’.
Uma lei do início dos anos 2000, no entanto, é que tem ajudado o país a atrair investimentos e criar empregos: a Lei de Maquila, com imposto de apenas 1% para empresas que abrirem fábricas no país e exportarem 100% da produção.
Lembra a Gazeta que o Paraguai “ainda possui um regime trabalhista vantajoso para as empresas, energia elétrica barata e abundante e baixo custo de transportes internacionais por hidrovia”.
Ouvida pela Gazeta, a economista Patricia Krause diz que a diferença de tamanho entre Brasil e Paraguai torna complexa a comparação entre os dois países. Mas que, embora um imposto de 1% não seja viável para o Brasil, “o país não pode ignorar o movimento mundial de redução de impostos corporativos na tentativa de atrair investimentos”, fator que hoje “reduz ainda mais a competitividade brasileira”.
“O Brasil precisa reduzir o custo país, diminuir a burocracia para se investir e simplificar regras tributárias”, diz Krause.
A matéria destaca que o último ranking de competitividade global, elaborado pelo Fórum Econômico Mundial em parceria com a Fundação Dom Cabral, mostrou que o Brasil parou de cair e ficou na 80ª posição entre 137 países, e que o Paraguai está atrás, na 118ª colocação.
“Apesar de estar à frente, o relatório mostra que o Brasil precisa estar mais atento: possui resultados melhores em termos de infraestrutura, inovação e educação. Mas o Paraguai é quem está com as contas públicas em dia e proporciona um melhor ambiente de negócios.”
Vantagens, segundo a Gazeta: no Paraguai, é possível abrir uma empresa em 35 dias contra 83,6 dias no Brasil. A regulação para investimento estrangeiro é mais flexível e o Paraguai dá “uma lavada no Brasil no que diz respeito aos efeitos dos impostos nos incentivos ao investimento. O Paraguai é o 11º do ranking mundial, gerando um ambiente propício para fomentar novos negócios. O Brasil? É o pior país da lista neste quesito”.
“Os encargos trabalhistas brasileiros também pesam no bolso de quem quer investir. O país é o último colocado no ranking de competitividade no que diz respeito ao peso dos impostos e sua relação com o incentivo à abertura de novos postos de trabalho. O Paraguai é o 22º da lista.”
Em relação ao Produto Interno Bruto per capita, o Brasil está bem mais à frente do Paraguai (cerca de US$ 15 mil para US$ 9 mil, respectivamente). No entanto, “o indicador deles cresce enquanto o nosso encolhe. Entre 2013 e 2017, o PIB per capita PPP do Brasil caiu 3,59%. No mesmo período, o Paraguai viu esse índice crescer 16,59%”, destaca a Gazeta.