O governador eleito, Ratinho Júnior, vai contar com o apoio da Itaipu Binacional para desenvolver projetos de infraestrutura que vão transformar a logística do Estado e aprofundar as relações entre o Brasil e o Paraguai.
O governador participou nesta segunda-feira (10), em Curitiba, de uma reunião que contou – pela primeira vez – com os dois diretores gerais de Itaipu, Marcos Stamm e o paraguaio José Alberto Alderete Rodríguez, além dos representantes do G7 – grupo das principais entidades empresariasi paranaenses.
A reunião foi durante o encontro do Conselho do Sebrae-PR, durante toda a manhã.
O diretor-geral paraguaio referendou as propostas do governador eleito, que, aos poucos, já estão sendo tratadas, como o acordo de cooperação técnica assinado ao fim da reunião, entre a Fundação Parque Tecnológico Itaipu (FPTI) e o Sebrae-PR, para levar adiante o projeto “Políticas públicas e fiscais para a melhoria do ambiente político e empresarial do Estado do Paraná”.
Pelo projeto, o Sebrae-PR vai coordenar, juntamente com a FPTI, o programa de desenvolvimento nos 24 territórios paranaenses, com duração de quatro anos – de 2019 a 2022.
Pontes e ligação bioceânica
Com a interlocução e o apoio financeiro da Itaipu, outros projetos já estão a caminho e alguns, de maior projeção e impacto, sendo gestados.
A construção de duas novas pontes entre Brasil e Paraguai – financiadas pela Itaipu e que devem ser oficialmente anunciadas ainda este mês – faz parte do rol de iniciativas que, amadurecidas as parcerias, devem se multiplicar e revolucionar a integração logística da região.
No começo deste mês, Ratinho Júnior levou ao presidente eleito, Jair Bolsonaro, a proposta de retomada de um projeto de integração dos oceanos Atlântico e Pacífico.
A ligação ferroviária e rodoviária entre os portos de Paranaguá (Paraná) e Antofagasta (Norte do Chile) seria feita com recursos da binacional.
Canal do Panamá
“Estaríamos criando ‘um novo Canal do Panamá’, o que seria um ganho logístico maravilhoso para a América Latina”, ressaltou Ratinho.
“E a Itaipu pode ser uma ferramenta estratégica e até indutiva na elaboração do projeto, para a gente poder trazer investidores do mundo todo para colaborar com essa obra, que será talvez a mais importante da América Latina”, destacou.
“Nesse processo, Brasil e Paraguai seriam líderes de uma nova logística de integração para o continente.”
Essa proposta da ligação é de absoluto interesse do Paraguai porque necessariamente passaria pelo país vizinho, que se tornaria um hub de importações e exportações dos mercados que utilizam os dois oceanos, Pacífico e Atlântico, para suas transações internacionais.
O Paraguai, inclusive, já está se modernizando e criando infraestrutura rodoviária para isso.
Para o diretor-geral brasileiro da Itaipu, Marcos Stamm, é uma honra para a Itaipu colaborar mais uma vez para a união de esforços entre brasileiros e paraguaios.
“Este sentimento que nos une é o mesmo que nos fez chegar, agora, à marca de 2,6 bilhões de MWh de energia já gerada pela usina, um índice sem paralelo no mundo. É com essa força que nos colocamos à disposição para ajudar o Paraná e o Paraguai a se desenvolverem, pois todos nós ganhamos com isso.”
Troca
“Para nós, o Estado do Paraná é um mercado com 12 milhões de habitantes e, para o Paraná, o Paraguai é um país que tem ótimas condições para que se possa investir e produzir matéria-prima, industrializar lá e vender aqui [no Paraná].”
O presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae-PR, Ágide Meneguette, comemorou a convergência de esforços.
“Este é um momento muito feliz porque temos uma oportunidade ímpar para iniciar uma grande integração com o Paraguai, nos setores de agroindústria e infraestrutura”, disse.
No entanto, segundo Meneguette, é preciso ir além.
“Ficamos muito satisfeitos pelo interesse da Itaipu em colaborar com o planejamento estratégico do Paraná, mas o sucesso da iniciativa vai depender também do engajamento da sociedade com o setor produtivo.”
Participantes
Também participaram do encontro o diretor de Coordenação da Itaipu, Newton Kaminski; o diretor financeiro executivo, Mario Cecato; o diretor jurídico, Cezar Ziliotto, o diretor-superintendente do Parque Tecnológico Itaipu (PTI), Jorge Callado; e o diretor administrativo-financeiro do PTI, Andrei de Oliveira Rech.
Leia agora uma entrevista “pingue-pongue” com o governador eleito:
“Itaipu pode ser a alavanca para o desenvolvimento do Estado”
P: O estreitamento das relações entre Itaipu, Estado do Paraná e federações empresariais tende a aumentar pelos próximos quatro anos?
Carlos Ratinho Júnior – O novo modelo de governo que pretendemos implantar no Paraná a partir de 2019 se baseia em trazer todo o setor produtivo do nosso Estado, seja ele público ou privado, e a sociedade civil organizada para participar das decisões e, juntos, buscarmos as soluções para os nossos problemas.
A Itaipu, nesse sentido, tem uma função importantíssima para o desenvolvimento econômico e social do Paraná e pode ser a alavanca para o desenvolvimento do estado. Então, como governador, quero ter um bom relacionamento com a Itaipu pensando em questões macro de desenvolvimento do Paraná e também de infraestrutura, porque o Brasil, de um modo geral, e isso não é um problema só do Paraná, não conseguiu fazer um planejamento a médio e longo prazos, especialmente na área de infraestrutura.
A ideia é que a gente possa, junto com a Itaipu e o G7, aliados ao governo do Estado, discutir infraestrutura, pensarmos juntos e buscarmos soluções.
P: Nesse contexto, a Itaipu pode ser o elo nas relações de desenvolvimento entre o Paraná e Paraguai?
Carlos Ratinho Júnior – Sem dúvida nenhuma. Acredito que, como o Paraná e o Paraguai têm uma relação de fronteira, uma relação de irmãos, temos que estar periodicamente conversando com as autoridades do Paraguai, quem sabe até fazendo uma ponte entre o governo federal brasileiro e paraguaio. Temos alguns projetos que, inclusive, apresentei para o presidente eleito Jair Bolsonaro, que a partir de janeiro estará na ativa.
É a intenção de que a gente possa caminhar junto como Paraguai, sendo a Itaipu o nosso elo de ligação, na área de infraestrutura, atendendo a América Latina, ligando o Porto de Paranaguá ao Porto de Antofagasta, no Chile, criando ‘um novo Canal do Panamá’, o que seria um ganho logístico maravilhoso para o continente.
A Itaipu pode ser essa ferramenta estratégica e até indutiva na elaboração do projeto, para a gente poder, aí sim, trazer investidores do mundo todo para colaborar com essa obra, que seria talvez a mais importante da América Latina.
P: Como o senhor vê, hoje, essa conversa com o diretor-geral paraguaio de Itaipu, que é um interlocutor importante com o presidente daquele país?
Carlos Ratinho Júnior – Vamos aproveitar hoje a presença do diretor-geral brasileiro, Marcos Stamm, juntamente com o diretor-geral paraguaio, José Alderete Rodríguez, para justamente avançar nesta proposta, na viabilidade disso. Acho que há um total interesse, tanto do Brasil quando do Paraguai, em poder construir esse projeto. Abriria um ramal para o Paraguai exportar para a Ásia pelo Pacífico, da mesma forma que haveria a facilidade de Chile, Argentina e o próprio Paraguai exportarem para a Europa, fazendo esse encaminhamento pelo Porto de Paranaguá. Eu espero que isso possa avançar nos próximos dias.
P: Demonstraria uma aproximação maior entre Paraná, Paraguai e o G7?
Carlos Ratinho Júnior: Seriam os dois países líderes nesse processo de uma nova logística de integração do Paraná com a América Latina.