O deputado Ulises Quintana, do partido Colorado, o mesmo do presidente Mario Abdo Benítez, foi defendido pelo traficante preso Reinaldo Javier Cabaña, o Cucho, que sonha em ser o Pablo Escobar de Ciudad del Este.
O deputado estava com uma caminhonete em nome de Cucho, mas o traficante disse que “o pecado de Quintana foi não ter dinheiro pra pagar uma caminhonete 2008”.
O traficante queixou-se de “abusos” a que foi submetido durante a operação da Secretaria Nacional Antidrogas, que desarticulou sua quadrilha e descobriu o envolvimento de políticos e autoridades com o crime organizado.
Em escutas telefônicas gravadas pela Senad, escuta-se Cucho pedir ao deputado que interceda para liberar a seu secretário particular Diego Medina Otazú e um pacote de US$ 190 mil que haviam caído em uma barreira policial.
Depois, Cucho reclamou da intermediação de Quintana, mesmo que seu secretário tenha sido liberado, porque foi obrigado a pagar propina aos policiais, já denunciados pelo crime de extorsão.
Perguntado pelos jornalistas sobre seu relacionamento com Quintana, disse simplesmente que os dois eram “colegas advogados”.
Já sobre a fotografia em que aparece ao lado do presidente da República, Cucho fez um som de desprezo, seguido de um sorriso.
30 na mira
A promotoria paraguaia já tem pelo menos 30 pessoas consideradas suspeitas de participar do esquema da quadrilha de Cucho. A operação para descobrir novos envolvimentos com o tráfico continua.
A promotora geral Sandra Quiñónez garantiu que o Ministério Público não vai retroceder “nesta luta”.
Já o promotor adjunto Marcos Alcaraz contou que a operação começou, na verdade, há seis meses. O trabalho foi feito em conjunto com a Senad, de forma sigilosa.