Pesca no lago
*Por Carlos Galetti
Tenho um grupo de amigos que, vez por outra, vamos pescar no Lago de Itaipu, adentrando pelo Clube do Icli. Os que são sócios convidam os que não são, de forma que o grupo se forme e possa deliciar algumas horas maravilhosas, diga-se de passagem.
Claro que a grande maioria é de aposentados, alguns da Itaipu, outros da iniciativa privada, conseguindo em algum dia se permitir tal proeza. Claro que não se trata somente de pescaria, há o almoço que será rachado no final, sendo que alguns compram o que levar.
A bebida é responsabilidade de cada um, sendo imposto que quem leva Schincariol, beberá da sua cerveja, regra já imposta desde muito tempo, pois cínicos sempre existirão.
Já pescamos muitas vezes juntos, fomos à Argentina, Porto São José, até em Mato Grosso. Trata-se de grupo bem eterno e terno na amizade, sendo característica cultuar bons valores. Agora brincadeira tem de existir.
Certa feita na Argentina, a Pousada era nossa, não que tivéssemos reservado, calhou aquela situação. Talvez por isso, ficamos mais assanhados e as brincadeiras fluíram.
Acredito que pela emoção, um dos integrantes, acordou para urinar de madrugada e, como estava no segundo andar, caiu na beira da escada, felizmente sentado, vindo a descer a escada ainda sentado, diria até confortavelmente, mas nem tanto.
Imagina que na madrugada o barulho foi assustador, todos corremos e encontramos o dito cujo, sentado no chão da sala, já aqui em baixo, com cara de assustado. Claro que a primeira preocupação foi ver se havia problema sério, quando se descobriu que não, a risada foi geral.
Aliás, foi uma noite bem acidentada, pois me colocaram pra dormir no quarto de um amigo que roncava muito, se assemelhando a uma Scania descendo a ladeira, carregado e com o freio motor acionado. Ocorre que o vivente, como dizem os amigos gaúchos, tinha apneia, o que me assustava, por pensar que o sujeito tinha parado de respirar.
Lá pelas tantas, o motor religava e voltava o ronco, o meu sono indo embora, virava para um lado, para o outro e nada de conciliar o sono. Isso durou até que o amigo que caiu na escada me acordou de vez.
Não vou tirar o meu corpo fora, também ronco, mas uso CPAP, um aparelho que previne o ronco e a apneia. Às vezes não levo, mas aí durmo na barraca e só incomodo a mim mesmo. Ocorrem acidentes, em Porto São José um amigo, e veja que amigo, meio bebum caiu encima da minha barraca, assustou, mas sobrevivi.
Bom o importante é que agora temos essa jogada do Icli, lá não tem que dormir e não acontecem acidentes, ou melhor, menos acidentes; felizmente ainda não virou barco ou coisa que o valha, Deus continua protegendo as crianças e os bêbados.
Não devia, mas vou contar. Numa dessas pescarias, um amigo levou uma bolsa que deveria abrigar os peixes pescados. Ocorre que a bolsa era de um plástico furado e no fundo era amarrada para facilitar o descarregar.
A bolsa ficava pendurada no barco, meio submersa, mantendo os peixes em contato com a água. E coloca peixe, e mais um, mais outro. Lá pelas tantas foram ver e tinham esquecido de fechar o fundo da bolsa. Começou o julgamento de Nuremberg, querendo achar o culpado, mas o que resolveu foi pescar mais um pouco.
Ainda dizem que pescador é mentiroso…
*Carlos A. M. Galetti é coronel da reserva do Exército, foi comandante do 34o Batalhão de Infantaria Motorizado. Atualmente é empresário no ramo de segurança, sendo sócio proprietário do Grupo Iguasseg.
Vivendo em Foz já há mais de 20 anos, veio do Rio de Janeiro, sua terra natal, no ano de 1999, para assumir o comando do batalhão.