Pescaria na Argentina
*Por Carlos Galetti
Estive pescando na Argentina e confesso que me surpreendi com o novo comportamento de Los Hermanos. Até as autoridades, até então bem indiferentes, apresentavam mais deferência.
Apesar do frio, havia mais calor humano, mas seus olhares eram triste s e cabisbaixos, retratando algo que ia em suas almas, que não era o que costumávamos ver.
Seus caminhos retos e bem planos, resultando em um gado de carne macia, de um boi que não enfrenta grandes ladeiras, nos fornecendo alimento de especial sabor e singular maciez. Enquanto trilhávamos aquelas estradas, de retas sobre retas, podíamos ver que a vida se desenvolvia de forma normal.
Entretanto, a algumas centenas de quilômetros, na longínqua capital, ouvíamos as notícias dos confrontos com autoridades policiais. Sabíamos da falta dos combustíveis, principalmente o diesel, propulsor da economia de um povo.
Não há como deixarmos de nos sensibilizar com a desdita dos vizinhos irmãos. Apesar de estarmos ali por diversão, somos impactados pela tristeza patente com os acontecimentos que assolam aquele país.
Fomos pescar, os dias foram nublados tal qual os olhares dos menos favorecidos, principais sofredores das consequências dos problemas resultantes.
Diria que foi muito divertido o bom o resultado da pescaria, beirando as raias da razoabilidade, além do fato de que estávamos em uma pousada já consagrada na recepção aos turistas advindos da nossa terra. Excelente atendimento, cozinha primorosa, vinho de especial qualidade.
O convívio era com pessoas de outros lugares da Argentina, além dos serviçais, esses com olhares nublados, talvez preocupados com o desenrolar dos últimos acontecimentos: a mudança política, a instabilidade econômica e as ditas incertezas.
Rezo pelos irmãos e clamo pelas bênçãos de Deus sobre aquelas terras que tantos sorrisos e alegrias já nos trouxeram. Reflito que esta situação pode ocorrer a qualquer nação inserida neste orbe planetário, clamando aos brasileiros para que saibam escolher nossos futuros governantes.
Que Deus nos abençoe.
*Carlos A. M. Galetti é coronel da reserva do Exército, foi comandante do 34o Batalhão de Infantaria Motorizado. Atualmente é empresário no ramo de segurança, sendo sócio proprietário do Grupo Iguasseg.
Vivendo em Foz já há mais de 20 anos, veio do Rio de Janeiro, sua terra natal, no ano de 1999, para assumir o comando do batalhão.