Pesquisa da UEL pode revolucionar o repovoamento com dourados dos rios brasileiros

Resultados preliminares já apontam presença e permanência de grupos de espécies importantes no reservatório da usina de Rosana

Pesquisa da UEL desenvolve programa inovador para soltura de peixes no Rio Paranapanema. Foto: UEL

Duas espécies de peixe, o dourado e o lambari-do-rabo-amarelo, foram reintroduzidas ao Rio Paranapanema a partir de estudo inédito e adoção de metodologia inovadora sobre conservação e recuperação de peixes, desenvolvidos na Universidade Estadual de Londrina (UEL).

Com conhecimento técnico e científico, em mais de 20 anos de estudos, essa ação promete impactar a forma de fazer repovoamento de peixes em todo o País.

O grande diferencial do estudo, segundo o biólogo e doutor em Zoologia Mario Luis Orsi, responsável pelo Lepib, é o formato do repovoamento baseado em pesquisa científica, desde a genética até a ecologia.

Ele conta que as espécies foram soltas em apenas uma parte da bacia hidrográfica, no Reservatório da Usina Hidrelétrica de Rosana, usado como modelo para a nova proposta. Enquanto que, em outra parte, no Reservatório Usina Hidrelétrica de Taquaruçu, foi utilizada a metodologia tradicional, para ter uma comparação.

Resultados preliminares já apontam presença e permanência de grupo de espécies importantes no reservatório da usina de Rosana.

Segundo o pesquisador, o estudo pode impactar todo o Brasil.

REINTRODUÇÃO DE ESPÉCIES EM RIOS – O problema encontrado anteriormente era a soltura de peixes sem qualquer avaliação prévia dos impactos que poderiam ser causados. Orsi relata que, ao invés de ajudar, isso acabava prejudicando.

O doutorando Armando César Rodrigues Casimiro contextualiza que a reintrodução de espécies de peixes em rios, chamada de peixamento, é feita desde o final do século 19. Porém, não se tinha estudo, por exemplo, de como e onde soltar o peixe. A ideia era simplesmente jogar o peixe na água que ele irá sobreviver. “Sem embasamento técnico, as consequências trazidas são negativas, causando desequilíbrio no ecossistema”, diz.

A pesquisa desenvolvida por ele trata de espécies moduladoras, que vão ajudar a cadeia de cima para baixo (top-down), como o dourado, de grande porte, e debaixo para cima (bottom-up), como o lambari-do-rabo-amarelo, de pequeno porte. “Isso reajusta e reorganiza a comunidade”, afirma.

Doutorando Armando César Rodrigues, pesquisador e biólogo Mario Luis Orsi (ao centro), biólogo colaborador Matheus Chueire Luiz. Foto: AEN/Divulgação
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