Polêmica em Ciudad del Este: acabar ou não com publicidade em português?

Foto: :Ekem.commons.wikimedia

Ciudad del Este discute se a retirada de painéis e cartazes em português, como querem os vereadores, é correto para uma cidade voltada para a venda aos brasileiros.

Na conta do Facebook do Vanguardia, que levantou o assunto, moradores da cidade se dividem entre os que apoiam a decisão e outros que acham que os vereadores deveriam se preocupar com questões mais sérias, como o esgoto que corre a céu aberto.

Mas, de fato, se todo o comércio do chamado microcentro depende de compradores do Brasil, como deixar de atender esse público com mensagens em sua língua?

 

Orlando

Churrascaria em Orlando: Brasil nas paredes. Foto: BBC

É só ver como Orlando, “invadida” por brasileiros até 2015, se comportou, conforme matéria publicada na BBC Brasil.

Ao perceber que a chegada de “brasucas” significava dinheiro, muito dinheiro, surgiram restaurantes especializados em comida brasileira, com cartazes em português; símbolos do Brasil foram espalhados pela avenida International Drive; e imobiliárias contrataram funcionários que também falavam português, entre outros sinais de agrado aos visitantes.

Ninguém, por lá, reclamou, mesmo porque na cidade já se fala inglês e espanhol por todo lado e uma língua a mais não faria diferença.

Em Ciudad del Este, as opiniões se dividem, segundo o Vanguardia, com metade defendendo o fim de cartazes em outras línguas e a outra metade dizendo que, como a cidade e parte de uma região turística, tem que se portar como tal.

International Drive: ninguém reclamou dos símbolos do Brasil. Foto: BBC

Bom, Ciudad del Este não é Orlando. Ao contrário, é ainda uma cidade suja, malcuidada, com um trânsito dominado por guardas que exigem propina e, ainda, dominada por muita malandragem e criminalidade.

Muita coisa melhorou e o turista, se tomar alguns cuidados, pode fazer com relativa segurança boas compras, a preços bem mais em conta que no Brasil.

Mas, enquanto não resolve seus graves problemas, os vereadores bem que poderiam deixar de lado essa bobagem de cartazes em outras línguas que não espanhol e guarani, porque o que menos se vê nas lojas são compradores que falam as duas línguas oficiais do país.

Vale a sensatez de uma internauta que resume os favoráveis à multiplicidade de línguas em Ciudad del Este. Romina Chavely Aliendre lembra que “é graças a estas pessoas (os brasileiros) que o comércio de CDE é destaque no país. (…) Somos bilíngues e podemos aprender até mandarim, se quisermos”.

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