O presidente da Argentina, Mauricio Macri, anunciou no início da tarde de hoje (8) que o país irá recorrer ao auxílio do Fundo Monetário Internacional, FMI.
O anúncio foi feito no momento em que o dólar voltava a subir, derrubando ainda mais o peso.
Em mensagem gravada, o presidente Macri disse que a Argentina “é um dos países que mais dependem de financiamento externo, produto do enorme gasto público que herdamos e estamos pondo em ordem”.
Nos dois primeiros anos de seu governo, prosseguiu o presidente, “contamos com um contexto mundial muito favorável, mas isso está mudando”.
E detalhou as mudanças, que incluem alta nos juros e no preço do petróleo, desvalorização das moedas frente ao dólar, “entre outras variáveis que não controlamos”.
Por isso, a Argentina decidiu iniciar as conversações com o FMI em busca de apoio financeiro, para “evitar uma grande crise econômica que nos faça recuar e prejudicar a todos”.
Depois do anúncio de Macri, a diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, disse que espera continuar colaborando com a Argentina.
Efeito Trump
A crise argentina pode ser apenas o sinal do agravamento da situação dos países emergentes, segundo analistas, provocada principalmente pelas ações do presidente americano Donald Trump, que abriu várias “guerras” comerciais, em especial com a China.
Além da alta do dólar, que se valoriza em todos os mercados, o governo Trump acabou contribuindo para a alta dos juros nos Estados Unidos – com expectativa de novas altas ao longo deste ano -, o que torna o país mais interessante para os investidores internacionais, que acabam tirando dinheiro dos países emergentes.
É esta, em síntese, a situação da Argentina, onde ainda por cima há desconfiança em relação às expectativas de inflação divulgadas pelo Banco Central. O mercado tem novas altas do dólar. O temor provoca uma fuga dos investidores externos, o que agrava ainda mais a situação do peso, da inflação e afeta toda a economia.
O que se avalia agora é que o problema não vai se restringir à Argentina. A própria Christine Lagarde, em abril, já alertava para as “nuvens mais escuras” que se aproximavam.
Ela disse, então, que as prioridades para a economia global são evitar o protecionismo, proteger-se contra o risco financeiro e promover o crescimento a longo prazo.