Presidente do Paraguai anuncia “luta corpo a corpo” contra guerrilha que matou brasileiro

Fotos: ABC Color

O presidente paraguaio, Mario Abdo Benítez, anunciou na terça-feira (20) que haverá uma luta “dia a dia, corpo a corpo, sem trégua e sem pausa” contra o Exército do Povo Paraguaio, que assassinou na segunda-feira à tarde o empresário brasileiro Valdir de Campos, de 54 anos, na estância “El Ciervo”, no departamento de San Pedro.

“Vamos ter dias de vitória, dias de derrotas, vamos ter dias complicados como este, mas vamos seguir trabalhando, sem pausas”, disse o presidente.

O brasileiro foi amarrado, vendado e obrigado a ficar de joelhos, para ser executado com onze tiros, de escopeta, fuzil e revólver.

O que é o EPP

Imagem de vídeo divulgado pelo próprio EPP (Youtube).

Mas quem são esses criminosos, que se intitulam Exército do Povo Paraguaio?

Segundo um documento encontrado pela polícia alguns anos atrás, o grupo foi constituído em 1º de março de 2008, e de lá para cá já cometeu diversos sequestros e assassinatos. Muitas vezes, depois de receber o resgate, a vítima era assassinada.

De inspiração marxista, semelhante aos grupos guerrilheiros que lutaram contra ditaduras na América Latina, nos anos 1970, principalmente, o EPP age na zona rural dos departamentos departamentos de Concepción (que faz fronteira com o Brasil) e San Pedro, em áreas pouco povoadas e de difícil controle.

O detalhe é que, além do marxismo, eles são radicalmente defensores do meio ambiente, atacando propriedades que utilizam defensivos agrícolas ou os acampamentos de madeireiros.

São cerca de cem homens, no total, que de dia – segundo as autoridades paraguaias – se misturam aos camponeses, o que dificulta ainda mais que sejam detectados.

Os sequestros e as extorsões cometidas contra fazendeiros são a fonte de renda do grupo, que teria amealhado entre US$ 3 e US$ 4 milhões.

A Força de Tarefa Conjunta, criada em 2013 para combater o EPP, não teve até hoje sucesso na busca pelos acampamentos e arsenais dos guerrilheiros.

Proibições do EPP. Descumprimento tem pena máxima de “fuzilamento”. Vídeo do Youtube

O último crime

O jornal ABC Color contou como foi o ataque do Exército do Povo Paraguaio, na segunda-feira, à fazenda “El Ciervo”, que pertence ao general da reserva Elvio Ramón Alonso Martino.

Sete integrantes do EPP chegaram à fazenda às 8h, surpreendendo os seis homens que trabalhavam na extração de madeira. Eles ocuparam o acampamento dos trabalhadores e, ao meio-dia, os obrigaram a fazer o almoço.

A cerca de 4,5 km dali, lembra o ABC Color, em 2015, o EPP havia atacado um acampamento de madeireiros e queimado seus maquinários. A oito quilômetros dali, naquele mesmo ano, os guerrilheiros mataram dois peões.

O chefe do grupo perguntava a todo momento, segundo contaram as vítimas, quando chegaria o “patrão”, referindo-se ao brasileiro Celso de Campos, a quem pretendiam sequestrar.

Por volta das 15h, chegou ao acampamento o irmão de Celso, Valdir de Campos, que também foi feito refém.

Depois das 18h, como Celso – que era o objetivo do EPP – não aparecia, os criminosos retiveram o irmão dele e liberaram os outros seis reféns, a quem advertiram para não voltar ao local.

Execução

Enquanto caminhavam para pedir ajuda, os trabalhadores libertados perceberam que o EPP estava queimando o acampamento, os três caminhões e dois tratores utilizados na extração de madeira.

A seguir, ouviram tiros. Pensando que era contra eles, saíram correndo em várias direções. Três deles, por acaso, se encontraram com o patrão, Celso de Campos, que se dirigia ao acampamento em um veículo, alertando-o da situação. Voltaram com ele para a cidade, para informar as autoridades.

Quando a polícia chegou ao acampamento, antes da meia-noite, localizou o corpo do brasileiro Valdir de Campos. A suposição é que o colono brasileiro foi executado porque desobedeceu a exigência do EPP de não desmatar a área.

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