Que tal uma trégua?

Quem é você que não sabe o que diz

Ilustração: Wikimedia

Que tal uma trégua?

*Por Carlos Roberto de Oliveira

Ensolarado, e com o clima agradavelmente convidativo para se comemorar algo, aquele sábado, e por ser sábado, prometia um dia cheio de emoções, no qual a tônica fosse a alegria e a irreverência.

O espaço onde o grupo de amigos costumeiramente se reunia era o mesmo de sempre, somente o estado de ânimo não correspondia àquela expectativa.

E, aos poucos, porém, à medida em que ia aumentando o número de frequentadores, tinha-se a impressão de que a resenha seria das boas, na qual não deveria faltar, obviamente, as brilhantes ideias daqueles que tinham a solução para os problemas do mundo.

Estranhamente, contudo, havia uma sensação de desconforto de muitos que, parecendo bloqueados em sua forma de expressão, optavam pela indiferença e até por uma certa agressividade muda, como que vingando-se sabe-se lá do que.

E o esclarecimento daquela situação toda veio na forma de uma linguagem que muitos que ali estavam conheciam: a música.

Foi quando, então, um cidadão de meia idade, expondo seu senso crítico, manifestou sua opinião sobre uma realidade que, no entender dele, desconsiderava e banalizava valores determinados por princípios éticos e morais e, para registrar sua convicção, lembrou-se de uma composição de Noel Rosa, lá da década de 30, “Onde está a Honestidade”, cuja letra, em alguns de seus versos, diz o seguinte:

Você tem palacete reluzente
Tem joias e criados à vontade
Sem ter nenhuma herança nem parente
Só anda de carro na cidade …
E o povo já pergunta com maldade
Onde está a honestidade?
Onde está a honestidade?

Foi o que bastou para alguém, em contestação, e igualmente mencionando o poeta da vila, buscou em “Palpite Infeliz” a resposta que julgava adequada:

Quem é você que não sabe o que diz
Meu Deus do céu, que palpite infeliz…

Respeitando-se a idiossincrasia de cada um, mas procurando pela simplicidade da alegria, por que não: “Mudando de Conversa onde foi que ficou/ Aquela velha amizade/ Aquele papo furado todo fim de noite num bar…”

Carlos Roberto de Oliveira é empresário do ramo de logística em Foz do Iguaçu

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