Ambiente mais neutro não poderia haver: no meio do Rio Paraná, dentro do barco Kattamaram II. Longe do trânsito e longe das aduanas. E com uma bela vista das três fronteiras.
Foi ali que a comissão tripartite, que envolve as forças de segurança da fronteira do Brasil, Paraguai e Argentina se reuniu na quinta-feira, 14, para discutir a polêmica questão do tráfego transfronteiriço.
Polêmica porque os argentinos começaram a fazer blitze logo na entrada de Puerto Iguazú, exigindo não apenas a Carta Verde, um seguro obrigatório no Mercosul, mas também itens que só são obrigatórios no país vizinho, não no Brasil ou Paraguai, como dois triângulos, por exemplo.
A consequência foi uma gritaria nas redes sociais, com críticas sérias e, é claro, os exageros de sempre, com pedidos de retaliação contra os argentinos que entram no Brasil.
Na verdade, a de ontem foi a segunda reunião pra discutir o assunto. A primeira foi na segunda-feira, 11, entre autoridades brasileiras e argentinas, na sede do Conselho Municipal de Turismo, em Foz. A única decisão daquela primeira reunião foi fazer essa outra.
De um ponto a Argentina não abre mão: a exigência da Carta Verde. E os demais itens?
Eles estão relutantes. Mas ficou definido que, no dia 19, terça-feira da semana que vem, sairá a lista das exigências das leis de trânsito de cada um dos três países que fazem fronteira por aqui.
Segundo um participante da reunião, a lista terá divulgação maciça na imprensa e, ainda, pensa-se em colocar uma placa antes das aduanas esclarecendo o que o motorista precisa cumprir pra não ser multado e até sofrer muitas vezes com a grosseria de autoridades de trânsito da Argentina, relatadas por muitos iguaçuenses nas redes sociais.
Mas o que a Argentina vai exigir pra quem entra em Puerto Iguazú? Por enquanto, ainda não se tem certeza de nada. Nem quem participou da reunião sabe de fato o que os argentinos vão exigir.
Ah, sim, o nome oficial da comissão tripartite é Gabinete de Gestão Integrada de Fronteira, que tem apresentado bons resultados em várias áreas de segurança pública. Mas, no caso do trânsito, aguarda-se se a conversação teve sucesso.