“O que nós queremos construir são pontes, não muralhas”, disse nesta segunda (5), à tarde, o porta-voz do governo paraguaio, Hugo Cáceres.
Esta foi a resposta do Paraguai à declaração do deputado federal Márcio Tadeu de Lemos, o Major Tadeu (reserva da PM), eleito pelo PSL de São Paulo.
Em entrevista ao jornal inglês The Guardian, o deputado disse que uma das soluções para evitar a ação de traficantes de armas e contrabandistas seria construir “um muro muito alto” na fronteira com o Paraguai.
O jornal paraguaio Última Hora, que havia publicado na manhã desta segunda (5) a polêmica declaração do deputado federal brasileiro, trouxe à tarde a posição do Paraguai.
O porta-voz do governo disse que, da parte do presidente Mario Abdo Benítez, as relações são muito próximas com o presidente eleito do Brasil, Jair Bolsonaro.
“Estamos pensando em planos de desenvolvimento que nos aproximem nos aspectos social, comercial, econômico e produtivo, e não em temas que nos possam separar”, disse ainda Hugo Cáceres.
Projeto de muro em 2007
O Última Hora destaca que a ideia do deputado se assemelha à manifestada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que tenta convencer o Congresso americano a construir um muro na fronteira com o México.
E, pior: o jornal lembra que em 2007, em pleno governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, o Brasil chegou a anunciar um muro de aço e concreto em torno da Ponte da Amizade, para frear o contrabando.
O muro começaria a ser construído no final de março daquele ano, a um custo previsto de US$ 2,75 milhões, com prazo de seis meses para conclusão.
Seria um paredão de 1.500 metros de largura por três de altura, nos dois lados da Ponte da Amizade.
A intenção seria evitar que os contrabandistas de cigarros, principalmente, burlassem a fiscalização, ao lançar mercadorias do alto da ponte para o lado brasileiro.
Já na época, a repercussão foi muito negativa no Paraguai.
Certamente, à parte a questão de pouco resolver a questão do contrabando e do tráfico, o tal muro proposto seria esteticamente horroroso.
Felizmente, embora nenhum jornal tenha noticiado por qual razão (só foi anunciada a construção), o projeto foi cancelado. Ou está mofando nas gavetas dos burocratas brasilienses.