Questão de atitude

Aparentemente não havia razões para aquele tipo de comportamento

Foto ilustrativa: Pixabay

Questão de Atitude

*Carlos Roberto de Oliveira

Tudo fazia crer que naquele corpo moreno, cujos olhos verdes complementavam uma beleza ímpar, se escondia uma mulher reprimida.

O curioso, e instigante, é que não demonstrava timidez, porém seu comedimento, perceptível, a bloqueava pelo excesso de cuidados com as palavras e gestos.

Aparentemente não havia razões para aquele tipo de comportamento, até porque, ciente de seus atributos físicos e longe de qualquer conotação puritana, lógico seria de se esperar uma condição de autodefesa para aproximações mais ousadas, sem que isto a afetasse.

Contrariamente, porém, se fechava, e o fazia pela presunção de que não deveria ser tocada, só se prestando a ser, platonicamente, admirada.

Naquele dia, porém, e independente da descontração e alegria do grupo em que estava inserida, algo lhe chamou a atenção e a tocou profundamente quando, correndo os olhos pelo espaço que a rodeava, observou um casal se beijando e trocando caricias.

A princípio, uma cena comum, não o era, pois naquele dia, em homenagem a São Valentim, sempre há que ter um santo, comemorava-se o Dia dos Namorados e ela ali, sendo paparicada por muitos, mas sem a emoção de ser cortejada com um brinde que lembrasse um convite ao amor eterno.

E como um vulcão adormecido, não sem despertar um certo espanto, alto e bom som explodiu:

– Basta, hoje quero encher a cara e fazer amor!

*Carlos Roberto de Oliveira é empresário do ramo de logística em Foz do Iguaçu

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