Rede de Intrigas (Parte II)
*Por Carlos Galetti
Estávamos no ponto em que a amiga de Augusto e da Elvira, bebia e dava mole pra mim. Seu comportamento não era nada discreto, a ponto de até Augusto e Elvira estarem constrangidos ou demonstrarem isso.
A amiga de Elvira, que vim a saber chamar-se Kelly, tantas fez que, como na música, o marido acabou notando, convidando-a para se retirar, ao que, mesmo relutante, seguiu o seu marido. Enquanto se afastavam, não pude deixar de notar que discutiam de forma bem agressiva.
Foi a última vez que a vi. No dia seguinte, os jornais vizinhos anunciavam a tragédia: “jovem esposa de empresário de Ciudad Del Este, encontrada morta em uma viela da cidade”.
. Foi uma comoção, pois ambos, marido e mulher, eram bem conhecidos e se destacavam na sociedade das duas cidades.
Logo pela manhã, recebi uma ligação da parte do meu contratante, aquele que havia solicitado meus serviços para seguir o Augusto. Cheguei ao seu escritório às 11 horas em ponto, onde um segurança me recebeu e introduziu-me no escritório. Após os cumprimentos formais, o contratante me disse que não precisaria mais dos meus serviços, quitando o combinado e dispensando-me.
Confesso que fiquei intrigado, tudo aconteceu muito rápido. Resolvi visitar um amigo que tinha na Polícia investigativa do país irmão, conseguindo encontrá-lo e convidá-lo para um café, ele um tererê, chimarrão gelado, e eu tomaria um café.
Contei sobre a investigação que desenvolvia e da festa que havia ido, onde conhecera a mulher recém assassinada. Ao que fui interpelado; não amigo, não foi assassinada, parece que foi um mal súbito. Estamos em final de autópsia, depois posso te passar o resultado.
No dia seguinte, nem precisaria me passar o resultado, estava estampado em todos os jornais. A outra surpresa veio por conta do Augusto, com quem encontrei pelas ruas do comércio paraguaio. Me informou ter recebido uma carta de Elvira, onde pedia que se afastasse, pois ameaçavam-na de ter o mesmo destino de Kelly.
Uns dias depois, tive a nítida sensação de estar sendo seguido. Pensei que talvez fosse cisma minha, mas a sensação repetiu-se por mais duas vezes. No último dia da semana, seguia por um corredor para acessar o shopping, quando confirmei a perseguição.
Desviei por uma viela e me escondi numa reentrância, esperando o seguidor. Quando passou, o imobilizei, apertando-o para que me dissesse por que estava me seguindo. Respondeu que eu estaria enganado, ao que lhe respondo que o mataria por engano. Abriu que o antigo mandante desconfiava que eu estaria continuando a investigação.
Deixei-o ir e segui para a loja do mandante. Chegando lá, topei logo com Elvira, que baixou a cabeça e nem me cumprimentou. Ouvi uma voz a minha retaguarda, dizendo que Elvira estaria ficando muito mal-educada. Me voltei e encarei seu marido, dizendo-lhe que se queria saber algo, bastava que me chamasse.
Se desculpou, disse que me compensaria financeiramente pelo transtorno, justificou-se que precisa se cuidar, pois é muito importante e existem pessoas muito mal intencionadas. Externou sua amizade e se despediu.
Saí com a sensação de ter mexido num ninho de vespeiro. Vou dar um tempo no serviço de Detetive Particular.
Quem tem, tem medo!
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*Carlos A. M. Galetti é coronel da reserva do Exército, foi comandante do 34o Batalhão de Infantaria Motorizado. Atualmente é empresário no ramo de segurança, sendo sócio proprietário do Grupo Iguasseg.
Vivendo em Foz já há mais de 20 anos, veio do Rio de Janeiro, sua terra natal, no ano de 1999, para assumir o comando do batalhão.