Respeitando o tempo…

Naturalmente delicada e avessa à dissimulação, desconsiderava qualquer tipo de rotulação

Foto ilustrativa: Pixabay

Respeitando o tempo…

*Por Carlos Roberto de Oliveira

Manhã de um domingo de clima brando, outono, um grupo de amigos se reunia para colocar em dia o papo e uma pessoa, em especial, se sobressaia.

Sem afetação e nem ingenuidade, o fazia simplesmente pela condição de mulher que valorizava seus atributos, não se expondo pela imposição e tampouco pela submissão.

Naturalmente delicada e avessa à dissimulação, desconsiderava qualquer tipo de rotulação, procurando manter sua autoestima de forma a se fazer entender, especialmente quando sorria, pois do sorriso, introspectivo, surgia um que de busca por algo que sugeria cumplicidade sem descambar para a pieguice.

Cheia de carências, mas mantendo o equilíbrio e a discrição, despertou-lhe a atenção quando alguém, de uma variedade de assuntos que se falava, cita Clarice Lispector, lembrando-a em uma de suas colocações onde diz… “O tempo corre, o tempo é curto, preciso me apressar, mas ao mesmo tempo viver como se esta vida fosse eterna”.

Tão impactante aquele comentário soou-lhe que, energizada, despertou de um estado letárgico de que era tomada e procurando pela voz que fizera aquela observação, convidou-o pelo olhar e foi o que bastou para acontecer uma interação magnética.

E se despedindo do pessoal, ao invés de se apressarem, apesar do tempo insistir em correr, optaram por caminhar, na esperança de que o tempo se prolongasse e o cansaço que se seguiria representasse o tempo de viver eternamente.

Se foram felizes para sempre? Bem, não se sabe, e pouco importa, mas com toda certeza entenderam o porquê os momentos podem ser eternos…

*Carlos Roberto de Oliveira é empresário do ramo de logística em Foz do Iguaçu.

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