A Argentina tem praias belíssimas. O Chile, ali pertinho, idem. Por que, então, a cada verão os argentinos “invadem” o Litoral brasileiro?
O primeiro motivo é sensorial, digamos. As praias argentinas são bem mais frias que as do Brasil. E as do Chile, banhado pelo Oceano Pacífico, idem.
O Oceano Atlântico traz correntes geladas da Antártida, que a partir do Uruguai são anuladas pelas correntes cálidas que vêm da região do Caribe. Do Uruguai pra cima, as águas são mais quentes.
A Argentina ficou com a porção mais fria do litoral Sul.
Este é talvez o principal motivo da escolha argentina por praias brasileiras, principalmente as mais próximas – as cerca de 40 mais frequentadas por eles ficam em Santa Catarina.
O segundo motivo é financeiro. Embora com o custo das passagens vir ao Brasil se torne caro, para o argentino este gasto extra se anula com os preços cobrados em balneários do país deles, principalmente em comida e diversão.
Eles reclamam que, na alta temporada, são “explorados” pelos conterrâneos quando optam pelo litoral do próprio país.
Quando vai chegando o verão, começam a pipocar reportagens sobre praias, a maioria das quais aborda as brasileiras, em especial Florianópolis (a mais procurada) e outras de Santa Catarina.
Vale a pena
O La Nación, por exemplo, fez uma ampla reportagem para mostrar o quanto os argentinos vão gastar se optarem pelas praias catarinenses.
Ampla reportagem do La Nación mostra quando custará, para os argentinos, veranear nas praias de Santa Catarina.
A conclusão, pra resumir, é que o número de argentinos não deve ser inferior ao registrado no verão passado – 180 mil. E que, mesmo com a desvalorização do peso, como o real também perdeu poder de compra, os preços nas praias catarinenses poderão até estar mais em conta.
O jornal lembra que, em janeiro de 2018, o dólar equivalia no Brasil a R$ 3,2 e que com 5,7 pesos comprava-se um real.
Agora, são R$ 3,7 por dólar e 9,9 pesos para comprar um real, quase 74% a mais que no início deste ano.
A previsão, segundo o La Nación, é que o dólar ficará em torno de R$ 3,75 no final do ano.
Os pacotes, que incluem passagem aérea e hospedagem, aumentaram cerca de 30% para os argentinos.
A alimentação, no entanto, será o gasto mais acessível para os bolsos argentinos, diz o jornal.
E, por enquanto, como havia expectativa de receber menos visitantes, a tarifa dos hotéis de praia está 20% mais barata.
Os operadores argentinos estão otimistas. “Para este verão esperamos um alto protagonismo do país vizinho, já que, apesar do impacto do aumento do dólar, continua sendo conveniente pela proximidade, qualidade de suas praias e oportunidade de preços”, disse ao La Nación o gerente geral da Despegar, Sebastián Mackinnon.
Segundo ele, as vendas de pacotes para janeiro, ao Sul do Brasil, aumentaram 140% na comparação com o ano passado, enquanto o valor da tarifa média, em dólar, diminuiu 15%.
Francisco Vigo, gerente da Almundo, diz que as vendas estão nos mesmos níveis de 2017, quando 39 mil pessoas compraram pacotes de sua agência para vir ao Brasil.
Ele também acha que a venda poderá ser maior, porque “para os viajantes da Argentina as praias do Brasil são alternativa a outros destinos do Caribe, que ficaram mais caros nos últimos meses”.