Salve a nossa Bandeira

Avenida Brasil em Foz do Iguaçu. Foto: GDia

Salve a nossa Bandeira

*Por Carlos Galetti

Passada a tristeza de não termos as festas do aniversário da cidade, somos jogados na outra tristeza da falta da festa do padroeiro. Estamos em tempos de pandemia, não podemos nos alegrar nas festas e, nem saborearmos o quentão, dançar a quadrilha, paquerar a sinhá ou saborear a tapioca.

Noutro dia enquanto conversava com São João (orava), pude notar sua aflição em explicar que certas fases temos que passar, que grandes acontecimentos vêm para nos dar lições marcantes em nossas vidas.

Confesso que fiquei mais conformado, a final já me perguntava o porquê daquelas mazelas, daqueles sofrimentos, daquelas perdas irreparáveis e que pareciam em vão.

Enquanto andava pela Avenida Brasil, por ser dia de domingo, tudo estava quieto; andava despreocupado, luxo que podemos nos dar aqui em Foz, em outras cidades certamente seria incomodado por algum meliante querendo me assaltar ou, como se diz no Rio, querendo me aliviar do peso da carteira.

Chegando na esquina da Schimmelpfeng volto-me para a antiga catedral e a reverencio, apesar de entender que Deus está em todos os lugares, maxi dentro de nós. Agradeço mais uma vez a proteção e sigo para a esquerda, em direção à Praça do Mitre.

Mais adiante viro na Marechal Deodoro, seguindo em direção à República Argentina, pois deixei meu carro em frente ao Batalhão. Quero chegar a tempo do hasteamento da bandeira. Nesse passeio matinal vou olhando as árvores, escutando os pássaros, às vezes cumprimentando um conhecido, acenando para algum cumprimento vindo de algum carro, isto é, interagindo.

Cheguei a tempo, a guarda já está em forma e o corneteiro toca para a bandeira avançar. Faz-se um silêncio sepulcral, o cerimonial acontece todos os dias, mas sempre emociona. O arrepio é o mesmo, talvez mais forte ainda. Vejo a bandeira galgar o mastro, levemente e suavemente, com todo o garbo que o momento impõe.

Discretamente todos se retiram, a guarda volta aos seus postos, me deixando ali a pensar quantos anos participei desse cerimonial, em quantos lugares ao longo do Brasil, até no exterior, vi este pavilhão auriverde subir ao mastro.

Agora, lá em cima tremula altaneira a nossa bandeira e, no ritimado balanço do seu pano, parece dizer, bem baixinho, em nossos ouvidos: – O Brasil é nosso, por aqui não passarão ideologias espúrias. Maus brasileiros, se assim devem ser chamados, jamais conseguirão enxovalhar a nossa querida Pátria Brasileira.

A banda do Batalhão, ao longe toca um dobrado, aquela música militar que marca os passos dos soldados. Bate em consonância com os corações brasileiros que testemunharam aquele momento. Saio assobiando o dobrado que ouvira, quantas vezes já o ouvi.

Vamos ao domingo!

*Carlos A. M. Galetti é coronel da reserva do Exército, foi comandante do 34o Batalhão de Infantaria Motorizado. Atualmente é empresário no ramo de segurança, sendo sócio proprietário do Grupo Iguasseg. 

Vivendo em Foz já há mais de 20 anos, veio do Rio de Janeiro, sua terra natal, no ano de 1999, para assumir o comando do batalhão.

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