Saudades…
*Por Carlos Roberto de Oliveira
Em tempos cuja velocidade da comunicação virtual comportamentos são alterados, o sentir saudades parece representar algo ultrapassado, até porque muitos não têm do que se lembrar, tão envolvidos estão na facilidade da renovação de expectativas de vazios.
Há quem não concorde em seguir essa trilha, por entender que contraria a busca por valores determinados pela autoestima e sensibilidade e, dentre esses, estão aqueles que têm na saudade o sentimento nobre do respeito e carinho por quem, geralmente, já não faz parte de nosso meio e que deixaram uma marca de não ter sido mais um para ser esquecido.
E tocou-lhe a revolta ao lembrar-se de amigos que se foram, sacrificados por um crime que não cometeram, em função de um vírus vindo sabe-se lá de onde e com que intenções, que, inibindo a alegria e fortalecendo a indiferença, age como condutor da desesperança, se prestando a alimentar, inclusive, a insensatez de quem comprometido com o nada.
Embora com as convicções sob questionamento, e abalados por um pessimismo induzido, resta àqueles que procuram, pelo autoconhecimento, o instrumento de defesa para viver como um ser humano normal, onde o princípio da interatividade não se restrinja à aceitação de procedimentos engessadores.
E, para não causar constrangimentos e polêmicas, não havendo, no momento, como ser o contrário, até para não cair naquela de que seja provocado qualquer tipo de isolamento, e assim tentar se manter socialmente civilizado e fugir da depressão … álcool em gel, máscara no limite do possível e “aproximação com cautela”, principalmente isto.
E lembrando que, se muitos não se foram precocemente, alguns, que são muitos pelo que representaram, não tiveram a mesma sorte e nos deixaram sem sequer se despedirem … e por um maldito vírus.
Daí a razão justificada da saudade pela perda.
*Carlos Roberto de Oliveira é empresário do ramos de logística em Foz do Iguaçu