Por Cris Loose, especial para o Não Viu?
Se você já se sentiu mareado, como se estivesse em uma jangada no meio do mar revolto, ao levantar, deitar ou virar a cabeça rapidamente, saiba que esse sintoma pode estar relacionado a um problema dentro do seu ouvido.
O “deslocamento dos atólitos” é uma condição médica associada ao deslizamento ou deslocamento anormal dessas pequenas partículas de carbonato de cálcio localizadas no ouvido interno. Também chamados de cristais, os atólitos são essenciais para a detecção de gravidade e de movimento linear.
E apesar de ficarem em um espaço específico, podem se deslocar para locais inadequados como os canais semicirculares, provocando sintomas desconfortáveis e até incapacitando a pessoa que apresenta esse problema, independentemente da idade.
Causas e consequências – O deslocamento pode ser causado por traumas na cabeça, pelo próprio envelhecimento da pessoa, infecções ou inflamações no ouvido, cirurgias e doenças no ouvido, e até pelo estresse.
O deslocamento desses cristais não é sentido pelo organismo, mas é comum a pessoa passar a ter a chamada Vertigem Posicional Paroxística Benigna (VPPB), condição que provoca a sensação de que o ambiente está girando, náuseas, vômitos, desequilíbrio e o consequente aumento no risco de quedas.
A fonoaudióloga e especialista em audiologia, Marcele Cestari, que atua em Foz do Iguaçu, disse que os profissionais da área percebem também que nos momentos de crise os pacientes têm movimentos involuntários nos olhos, que ocorrem como uma resposta à vertigem.
“A vertigem pode ser acompanhada de náuseas, vômitos e um tipo específico de movimento involuntário e rápido dos olhos, em uma direção. São esses movimentos oculares que nós avaliamos para diagnosticar qual labirinto está alterado, se o direito ou o esquerdo, e definir qual manobra será feita para o tratamento adequado”, explica.
Tratamento – Geralmente ao apresentar esses sintomas, a primeira preocupação dos pacientes é com a labirintite. O caminho é buscar a opinião de um otorrinolaringologista que pode trabalhar em conjunto com um fonoaudiólogo.
O diagnóstico é feito por meio de exames, mas alguns sintomas já dão a pista e o tratamento do deslocamento dos atólitos é mais simples do que parece. Como o objetivo é fazer com que os cristais voltem para o local destinado a eles dentro do labirinto, geralmente são feitas manobras físicas para reposicionar essas partículas.
As mais conhecidas são as Manobras de Epley, na qual o otorrino ou o fono realizam movimentos na cabeça e no corpo do paciente, para mover os atólitos; e as Manobras de Semont, com movimentos mais rápidos.
Em alguns casos, medicamentos podem até ser prescritos para aliviar os sintomas de vertigem e da náusea, embora eles não resolvam o problema que é tratável, mas que pode voltar a ocorrer e exigir novo acompanhamento.
A fonoaudióloga esclarece que o diagnóstico correto é o mais importante para o paciente, já que o problema pode ser confundido com labirintite.
“Há casos de pessoas que passam anos tomando medicação para labirintite, quando o que realmente está prejudicando a vida delas é o deslocamento dos atólitos. Isso provoca uma tontura que passa rápido e acontece principalmente quando o paciente movimenta a cabeça para o lado direito ou esquerdo. Por sorte, o diagnóstico correto ajuda a melhorar e muito a qualidade de vida, conta.