Deu tempo de retirar pertences pessoais, documentos e o que mais quis levar. E assim o “doleiro dos doleiros”, Darío Messer, alçou voo de sua casa, no exclusivíssimo condomínio fechado Paraná Country Club, em Hernandarias, bem antes de a polícia chegar.
O ABC Color não perdoou: “Fazem busca na casa de Messer… 48 horas depois”.
É que a ordem de captura internacional tanto de Messer quanto do doleiro Bruno Farina, que também teve casa revistada em Hernandarias, foi emitida dois dias antes de a polícia paraguaia sair no encalço deles.
A explicação, como dá a entender o ABC Color, é que Messer é “amigo íntimo” do presidente paraguaio Horacio Cartes.
Darío Messer está “no radar da Polícia Federal (do Brasil) há cerca de 30 anos”, conta o G1. Já no fim dos anos 1980 aparecia como operador de personalidade do Rio, como Waldomiro Paes Garcia, o Miro, então patrono da escola de samba Acadêmicos do Salgueiro.
Mais informações do G1:
Há 15 anos, a Comissão Parlamentar de Inquérito do Banestado descobriu uma movimentação de R$ 8 bilhões de forma irregular entre 1996 e 2002, ligada ao doleiro. Na ocasião, houve pedido de indiciamento de Messer, que não foi sequer preso.
Em mais um caso milionário, Messer acabou citado em depoimentos no esquema de envio irregular de US$ 33 milhões para o exterior por fiscais da Fazenda do Rio de Janeiro e auditores fiscais. O escândalo ficou conhecido como “Propinoduto”.
Já no escândalo do “Mensalão”, a PF apontou o doleiro como responsável por enviar US$ 1 bilhão de forma irregular para o exterior e entregar o dinheiro, em reais, no Banco Rural para integrantes do PT. O doleiro foi citado, ainda, em investigação acusado de ser dono de uma offshore no Panamá no caso do Swissleaks.
Messer também era “figurinha carimbada” no Conselho de Controle de Atividades Financeiras, o Coaf. Pelo órgão, foram expedidos, pelo menos, cinco relatórios sobre o doleiro que atestavam irregularidades em transações financeiras entre 2010 e 2015.
Investigadores indicam, ainda, que Messer atua como uma espécie de “banco” de outros doleiros. Quando eles não têm dinheiro para atender os seus clientes, Messer empresta o valor necessário para que o doleiro possa cumprir com o acordo.
O doleiro é conhecido por frequentar festas na alta sociedade carioca. Tem entre amigos jogadores de futebol e políticos. Em uma busca e apreensão a seu apartamento em 2004, policiais federais encontraram um quadro do pintor Portinari, na cobertura que tem no Leblon, na Zona Sul.
Influente, ao se estabelecer no Paraguai, Messer virou amigo do presidente do país. Uma investigação local aponta o doleiro como um dos interessados em financiar um cassino.