Será que eles vão sobreviver, pescadores?

O blog consultou um especialista para saber a resposta

Governo promove soltura de 105 mil peixes nativos no Rio Paraná Foto: SEDEST

O governo do Paraná promoveu a soltura de 105 mil peixes nativos juvenis na Bacia do Rio Paraná, no município de Missal, no Oeste do Estado, neste domingo (27). Para esta soltura, foi escolhida uma área de preservação ambiental, cuja pesca é proibida, por ser um leito do rio que deságua no Lago de Itaipu.

“O local é considerado um berçário para os peixes e o fato de serem juvenis aumenta muito os índices de sobrevivência”, destaca o superintendente de Pesca e Bacias Hidrográficas do Paraná, Francisco Martin.

Para saber o que pode acontecer com esses peixes, o Não Viu? entrevistou o especialista nessa área, o veterinário e consultor Domingo Rodríguez Fernandez.

Vamos ao que ele disse.

Quais as chances desses peixes sobreviverem?
É difícil prever, mas se forem alevinos pequenos, soltos em um rio e com diferença de mais de dois graus entre a temperatura da água dos sacos onde são transportados e a do rio, pode haver 100% de mortes. Enfim, depende muito do tamanho de soltura e do local escolhido. Se os peixes tiverem menos de 10 cm de comprimento total e o local não for propicio para as fases jovens, a mortalidade será alta.

Por quê?
Quanto maior o alevino, melhores são as chances de sobrevivência. E, em um ambiente de várzeas e lagoas marginais, eles encontrarão mais alimentos para seu tamanho e menos predadores, o oposto pode ocorrer em um rio.

Na sua opinião como especialista, essas ações são corretas?
Seriam mais interessantes e eficazes se preservássemos as áreas de berçário e engorda de alevinos ao longo do trecho de rio (lagoas marginais e várzeas). Se fosse para soltar, essas áreas também são mais indicadas do que o rio, pois têm uma maior produção de alimentos para os alevinos.

Esse tipo de soltura pode prejudicar o meio ambiente?
Mesmo que algum alevino venha a sobreviver até a fase adulta, se ele for de baixa diversidade genética, pode reduzir a qualidade de seus descendentes no ambiente.

Qual a sua sugestão para esse tipo de repovoamento?
Primeiro, preservar as áreas de berçários naturais e, depois, se for realmente necessário, fazer as solturas nessas áreas e de alevinos maiores e provenientes de várias matrizes.

Quais os cuidados que devem ser tomados para efetuar esse repovoamento?
Além de avaliar o ambiente de soltura, fazer uma marcação no peixe (eletrônica ou não) para poder verificar o resultado, em caso de captura no futuro. Na hora da soltura, ter o cuidado para que não haja choque térmico (diferença de temperatura da água mencionada acima) e nem choque mecânico (fazer o peixe cair na água de uma altura acima dos 50 cm).

 

Soltura de juvenis em Missal. Fotos: SEDEST

Com informações da AEN

 

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